16 de novembro de 2006

arredondamentos e transparência



a propósito da legislação governamental sobre os arredondamentos nos juros dos empréstimos bancários, temos ouvido quase diariamente o presidente da associação dos banqueiros afirmar, com um ar displicentemente arrogante, que os clientes se não pagarem assim pagam assado e que até compreende que o governo queira ser simpático para os consumidores.

duma coisa nenhum de nós pode ter dúvidas:
o que vamos pagar pelo dinheiro que necessitamos é rigorosamente o mesmo (no mínimo) que pagamos até agora.

mas duma outra coisa eu não tenho dúvidas:
gosto que sejam claros comigo.

e claro é uma coisa que os bancos não são.



um banco diz que empresta dinheiro com, por exemplo, um spread de 0,5%.
nós fazemos as contas, achamos que é favorável e aceitamos o negócio.
aí o banco diz-nos que para ter aquele spread temos que domiciliar vários pagamentos de serviços (que ele taxa, naturalmente), que nos oferece um cartão de crédito (que ele, naturalmente, taxa), que temos que manter um determinado saldo na conta à ordem (que ele, naturalmente, aproveita)....

todos estes serviços são taxados,
naturalmente.
mas todas estas taxas servem para acrescer ao célebre spread.
um spread de 0,5, feitas as contas 'ao tostão', já vai em bem mais que isso.
o mesmo se passa com o não pagar as primeiras 6 prestações... que serão pagas no final.
que é como quem diz... pagamos o mesmo (publicitando que não pagamos)

o mesmo se passa no arredondamento:
se o spread com o actual arredondamento é de 0,49 e com as novas regras é de 0,50, eu prefiro que me digam claramente que 0,50 é quanto tenho que pagar.

se eu for ao banco pedir 100 000 euros, o banco não espera (nem aceita) que eu diga que afinal é 100 mil..... mais iva e com o imi a adicionar à coisa

não fico à espera que a nova legislação faça os bancos ganhar menos dinheiro,
mas espero que o nova legislação obrigue os bancos a serem claros.


não é pedir muito...

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