6 de dezembro de 2005

Oito escudos.

Hoje tive outra conversa filosófica com o taxista.

Estávamos a falar na guerra colonial: o senhor tinha estado na Guiné. E eu disse-lhe, "bem, deve ter sido muito dura a guerra lá".E ele logo, ´"Ó se era menina, tanto mosquito, uma comida tão má, doíam-me as costas de tanto tempo deitado a atirar no mato. O Spínola quando veio, pelo menos melhorou o rancho.
E o pré? Ganhávamos oito escudos ao dia. Havia soldados que desejam que o meses fossem de 31 dias, para ganharmos mais. Mas ao mesmo tempo queriam voltar para Portugal. Só nunca percebi uma coisa. Porque ganhávamos menos que os soldados de Angola e de Moçambique? Mesmo os oficiais. A menina sabe explicar?"
E lá continuou com esta angústia existencial. E eu lá cheguei ao meu destino.
Já tive um amigo que veio da guerra colonial, completamente transtornado. Esse nunca me falou do pré. Malhas que o império tece, como diria o outro.

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