22 de maio de 2005

Pois... mais, do mesmo!

Sim, eu sei que sou chato… reconheço, sou muito chato!
Este final de campeonato, disputado, polémico, conflituoso, fez-me lembrar um outro, 25 anos atrás. E se pensam que este é “de cortar a respiração”, deviam lembarar-se desse… Foi na época de 77/78, ainda na ressaca revolucionária, e a grande disputa foi entre o Porto e Benfica, ambos com equipas muito boas. Foi um dos primeiros campeonatos que vivi com intensidade, tinha então 14 anos.

No Porto brilhavam, entre outros, Fonseca como guarda-redes, Murta, Freitas e Gabriel na defesa, Octávio (sim, “o” Octávio), Oliveira (sim, “o” Oliveira”) e Rudolfo no meio campo. O ataque era fabuloso, com Duda, Seninho e o Gomes… acho que foi também a época do Toninho Metralha. Era treinada pelo Mestre Pedroto… mestre como treinador e também como destabilizador do adversário: quando as coisa não lhe corriam bem, gritava alto para os jornais que “eram manobras dos comunistas de Lisboa”


In Memória Virtual

O Benfica tinha em formação uma das suas melhores equipas de sempre e era, ainda, o crónico Campeão Nacional. O guarda-redes já era o Bento, na defesa reinavam Humberto Coelho, Eurico, Pietra e Bastos Lopes, no meio-campo Toni, Vitor Martins e Shéu dominavam. O ataque era composto pelo eterno Néné e despontavam o Diamantino e Chalana. Ainda lá andava o maluco do Vitor Baptista mas acho que nessa época jogou pouco. O trienador era o fleumático John Mortimer, na linha da clássica escola inglêsa.


In Memória Virtual

O campeonato foi disputado taco-a-taco, com permanente guerrilha verbal entre técnicos e dirigentes (Pinto da Costa já era director do Departamento de Futebol dos Andrades). Chegou-se à penúltima jornada (um FC Porto-Benfica) com as duas equipas empatados em pontos, com vantagem para o Porto por goal-average. Foi um dos jogos mais tensos e emotivos, vi-o na rádio… O Benfica adiantou-se no marcador (ainda na primeira parte) e era virtual campeão. Já perto do fim, o Humberto dispara um batatada que estoira na barra com estrondo e a recarga é safa por um defesa do Porto. Poucos minutos depois, a sete do fim, um livre de Ademir faz o empate (1-1) e abre o caminho do título para o Porto, confirmado um semana depois.

E porque é que falo aqui desse campeonato, desse jogo? Por duas razões…
Foi o primeiro campeonato ganho pelo FC Porto, após o jejum de 18 anos, e marcou o início de um ciclo de grandeza e domínioportista que dura até hoje.
Teve um jogo decisivo na penúltima jornada, foi decidido por goal-average (vantagem do Porto de 5 ou 6 golos) e não foi ganho pela equipa que mais merecia (questionável, esta opinião!): o Benfica dessa época foi o único clube que perdeu um campeonato invicto, só registou 9 empates!
O paralelismo é evidente: se o Benfica ganhar este campeonato espero que marque o inicio de um novo ciclo, mais risonho para as minhas cores!

PP: Estes anos loucos tiveram um epílogo… No ano seguinte o FC Porto foi bi-campeão e na época 80/81 os ânimos subiram ao máximo. O treinador do Benfica já era o Mário Wilson e foi apelidado de “palhaço bêbado” por Pedroto. Formou-se a chamada Santa Aliança, entre adeptos do Benfica e Sporting para derrotar o FC Porto: nas últimas jornadas o Sporting garantiu o campeonato (acho que o último antes do seu jejum…) e na final da Taça lá tivemos mais um Benfica-FC Porto. Foi um jogo terrível, dentro e fora do campo: penso que foi neste jogo que o Frasco partiu uma perna ao Alberto e o Carlos Manuel andou à pancada com o guarda-redes supelente do Porto, o Tibi. Houve bordoada da boa, entre adeptos, no fim do jogo. Ganhou o benfica (1-0) com golo do César Brito.
O FC Porto foi finalmente derrotado, o Pedroto foi-se embora (e morreu, pouco tempo depois...). Tinha sido detida a primeira arrancada do Dragão… por pouco tempo, diga-se!
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