24 de março de 2005

Aventura matinal

Um dia destes, já na semana passada, acordámos calmamente ao som do rádio-despertador. Sete e picos da manhã, uma excelente hora para acordar… Eis que de repente, enquanto íamos protelando o inevitável tocando na tecla dos nove minutos, a sanfona se cala. No meio de um olhar ensoando, reparei: faltou a luz.
- Embora, temos que nos levantar… - disse – … e a luz foi-se!
E devia ser geral. Era pouco provável que fosse no quadro da casa pois, a uma hora daquelas, não havia nada ligado e, além do mais, soavam vários alarmes pelas redondezas. Lá fomos confirmar: no quadro eléctrico estava tudo bem e na rua, nem uma luz… sim era avaria na zona.
- Ahhh… e agora, como é que vamos sair daqui…?
Tinhamos os dois carros na parte de dentro da casa e o portão é eléctrico. Logo naquele dia… um deles fica, praticamente sempre, na rua e logo na noite anterior tinhamos que o por cá dentro. Como é que íamos sair dali, como é que os miudos iam para a escola… e logo a Gena com um teste na primeira hora!
- Liga para a EDP… para saber o que é!
E ligámos… após inúmeras perguntas sobre a morada, o nome, o número de cliente, e sobre contas em dia ou não, a voz lá confirmou o óbvio: sim, era uma avaria grave na zona. O piquete já lá estava mas só garantia a resolução lá para as dez horas. Porra!
- Mas o homem não disse que o portão tinha um mecanismo manual?… para casos de emergência?
Lá fomos procurar a chave da caixa-mecanismo do portão. Aberta a caixinha, ficámos a olhar para aquilo como bois para um palácio. Nenhum botão, nenhuma roldana ou alavanca, nada… só circuitos e mecanismos eléctricos. Porque é que não tinhamos tomado mais atenção quando ele abriu aquilo, quatro anos atrás, e explicou como funcionava. E agora?
- Liga à MM… ela sai sempre por volta das oito e pode dar boleia!
E ligámos… e a MM claro que dava boleia, às oito e dez, mais ou menos. Mas não parava de afirmar que o marido dela dizia que o portão tinha que ter um mevcanismo manual: era obrigatório… Sim, mas o que mais importava era despachar muito rapidinho, pois com tudo aquilo só faltava um quarto para as oito. Em menos de dez minutos já estava lá em baixo, prontinho para a partida.
- Merda, sou mesmo parvo… a mota!
Porque é que não tinha pensado nisso antes: a mota podia passar pelo portão pequeno. E lá andei, em puxa à frente, puxa atrás, em esforçadas manobras, até ter a mota já no passeio. Assim, levava a Gena e a MM até podia levar a Nela, se esperasse um pouco. Como é que não tinha pensado nisto antes…
- Gena! Despacha-te…
Gritava-lhe eu do quintal enquanto ela dava os últimos retoques no cabelo. Ainda tinha algum tempo e fui olhar, de novo, para a caixa-mecanismo que continuava tristemente aberta: havia de haver qualquer coisa que fizesse o portão funcionar manualmente. Enquanto perscrutava a coisa, com olhar sábio, encostei-me ao portão… e o sacana começou a deslizar suavemnete apenas com o meu encosto. Com um dedinho apenas, fui empurrando, e ficou completamente aberto. Bastava abrir a caixa para destrancar o êmbolo do motor!
- Foda-se!
Que cachola!

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