20 de novembro de 2004

O silêncio não é vazio.

Estou aqui como sempre. Tratei de mim. Saíste cedo de manhã, para qualquer ginásio e vieste cheiroso. Acreditarei que foi ginásio? Fim de semana é a plataforma de todos os desportos cansativos e eu tento acreditar em todos eles.
Almoços, jantares, tudo a sair de casa. Pretextei uma gripe. O espaço todo só para mim. Dancei e cantei o "She" do Costello. Fora o filme ou talvez com ele mesmo, é como qualquer mulher gostaria de ser desejada.
À noite ligaste a televisão. Nunca gostei do som de futebol, enervante e estridente. Tu gostas. Eu pego num livro e desligo. Lembro-me que o meu pai ouvia relatos pela rádio. O som daquele goooooooooooooooooooooooooooooooolo era atroz. Mas era o meu pai e eu amava-o.
Tu olhas a televisão avidamente. Fixo o olhar em ti e nem notas. Descobri agora, toda a diferença é ter-te deixado de amar há muito tempo. E não a menor das ditas é começar a sorrir aos sorrisos de outros homens. Tu já eras. Quando te direi isso?


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