O grupo italiano Accordone, criado por Marco Beasley e Guido Morini, dedica-se à música pré-barroca. Recolhem textos e partituras antigas, interpretam-nas e dão-lhes a volta. No recente La Bella Noeva, assiste-se a algo alucinado: rock do século XVII. É um conjunto de partituras e textos originais com remixes de Morini e Beasley, interpretados em instrumentos que, à época, eram mesmo da pesada: órgão, cravo, violino, violoncelo, teorba, arquialaúde e guitarra barroca. E a voz de Beasley, um dos tenores(?) mais plásticos e sensacionais da actualidade. A abrir, o ritmo batido de Amante felice, de Giovanni Stefani, dá logo o mote para uma série de peças que misturam a melice melancólica dos Scorpions (Si dolce è ‘l tormento) com rap capaz de fazer o Eminem parecer uma lesma pedrada (La canzone del Guarracino). Um poema formado por títulos das peças, por sua vez inspirados nos textos, abre o livrete do CD. E é assim:
Un dolce tormento,
Un volo d’amore,
O mia donna amata
E’ il canto del cuore.
Un soffio di vento
Racconta per ore
La sua serenata
Di guerre d’amore.
Nel mio firmamento
Il suono interiore,
La volta stellata:
Un sacro stupore.
Oiçam e passem-se.
(La Bella Noeva – Marco Beasley, Guido Morini, Accordone; Alpha 508; 2003)
Sem comentários:
Enviar um comentário