18 de janeiro de 2004

A alma

A propósito de outros assuntos mais científicos, (pois, pois!), pus-me a pensar no seguinte: Será que os intestinos são, afinal, o espelho da alma?... E mais, serão o local onde se esconde a nossa alma?
Eu sei que todos gostam de imaginar a alma alojada, e acarinhada, no quente do coração. E que uns olhos, límpidos e transparentes, são o verdadeiro espelho dessa alma.
Mas, se as nossas bactérias forem a nossa alma, então é o recanto mais reles e sujo do nosso corpo, a sua morada dilecta.
As bactérias??... Pois, agora devem estar a pensar: o gajo ficou parvo de vez! Não faz mal, soltem só um pouco a imaginação.
Não vejam só uma bactéria, uma mísera bactéria... Vejam antes a imensa mole de bactérias que existe em nós, desde que nascemos. Uma imensidão tão grande, que forma algo com mais de mais de 100.000.000.000 de células, o que é 10 vezes mais que as nossas próprias células. Algo com um património genético de 70.000 genes, o que é mais do dobro da nossa própria diversidade genética. Imaginem algo capaz de produzir uma energia infinita e constante, independente da nossa própria energia. Algo que comunica permanentemente connosco, através de pequenas proteínas e neuro-transmissores, e que pode condicionar as nossas emoções e afectos. Enfim...algo suficientemente imortal para ser uma alma.

Pode ser só imaginação, mas as nossas bactérias podiam bem ser a nossa alma.
E pensem lá se não é a nossa tripa que traduz, com mais clareza, os nossos estados de alma.

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