10 de outubro de 2015

Lisboetas

Esperava à porta da estação de correios, meia hora antes dela abrir. Entra lestamente, sorrindo e cumprimentando, recebida por um coro afinado de "Bom Dia, Dona Maria". Pequena,olhos azuis e muita idade, o que não a impede de andar de um lado para o outro com ligeireza." 93 anos a completar em Janeiro". Recebe a pequena pensão, que esconde num avental como usavam as vendedoras de rua. Abro-lhe a porta e ela agradecida diz-me: "Sabe, tenho pressa em ir para casa, comer algo e beber uma pinguinha. Antes, vou ter com o meu marido". Devo ter esboçado alguma surpresa e ela sorri com malícia e acrescenta " Sabe, casei-me com um homem mais novo".
E desaparece num ápice, pelas ruas da Baixa.

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