25 de junho de 2015
Lisboetas
Ontem no metro, entro ao mesmo tempo que uma senhora frágil mas decidida, provavelmente octagenária. Senta-se e começa logo a conversar. Conta que apanha o metro só para se distraír e falar com as pessoas boas que encontra. Apesar dos muitos filhos e netos, prefere conversar do que lhe dóí com estranhos. Mas ressalva segunda vez, estranhos que sejam boas pessoas. Sabem, porque eu tenho um carcinoma, que é uma coisa má. Tinha uma ferida que não curava e o médico há dois dias, disse-me que tenho de ser operada. Por cinco anos não me vou preocupar, mas é uma coisa muito má mesmo. Sabem os senhores, carcinoma é cancro. Mas eu vou vencê-lo, não vai dar conta de mim. Faz-se um grande silêncio e ninguém sabe o que lhe responder. Seguimo-la com os olhos, quando se despede, enérgicamente e caminha apressada para a saída. E a imagem que me fica é o seu olhar, desafiante e intenso.
de regresso às excelentes crónicas da cidade :)
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