nestas semanas da volta a itália, é
tempo de recordar gino bartali, um dos maiores nomes de sempre do ciclismo
italiano, ofuscado pelo fulgor de fausto coppi e pela segunda guerra mundial.
em 1938, gino bartali comete a maior
preoza se sempre dum ciclista italiano: venceu a volta a frança com mais de 18
minutos de avanço do segundo classificado e acumula com o triunfo na
classificação da montanha.
era o grande orgulho da itália fascista
e o modelo que benito mussolini queria como exemplo das virtudes da sua
ditadura.
já tinha ganho duas voltas a itália, mas
isso não servia para bandeira porque o tour sempre foi mais que o giro e ganhar em casa dos franceses era a suprema honra para a itália fascista
quando começou a guerra, o desporto na europa
fechou para tiros e gino bartali continuava a treinar, com o seu equipamento de
sempre, percorrendo as estradas da toscânia e da umbria, saudado pelo exército
e pelas polícias fascistas à sua passagem.
todos estranham tanto afinco pelo treino em época de outras prioridades, mas achavam que era o afã de glórias de bartali que estava a trabalhar.
o que só se soube muito depois da sua
morte, no ano 2000, era que gino bartali era um activo membro da resistência
italiana e trabalhava com giogio nissim (um dos principais dirigentes da resistência italiana) ajudando a transportar, no quadro da
sua bicicleta, documentos e passaportes falsos para ajudar resistentes e judeus
italianos.
só quando os filhos de giogio nissim
encontraram, em 2003, um velho diário do seu pai se soube do trabalho
clandestino de gino bartali e das centenas de vidas que ajudou a salvar.
durante 50 anos, o que era clandestino,
clandestino ficou.
bartali voltou a ganhar a volta a itália
e a volta a frança depois da guerra.
regressou à sua antiga glória, mesmo que
hoje só se fale de fausto coppi.
depois de acabar as corridas regressou á
sua velha florença e à discrição que que gostava.
só depois da sua morte se soube das suas mais importantes vitórias.
Tirando o Rui Costa que aparece nos jornais daqui por bons motivos e o Armstrong que aparece em todos os jornais do mundo por maus motivos, acho que não conheço mais nenhum ciclista. Mas vir aqui hoje ficar a conhecer este homem... quem quer saber do tour e dos seus vencedores e vencidos?!?
ResponderEliminarObrigada por uma partilha tão interessante.
Oh! E depois de acabar de publicar o comentário lembrei-me de mais um ícone: Joaquim Agostinho!
ResponderEliminarneste momento existem 20 ciclistas portugueses (http://imageshack.com/a/img823/1240/hx72.jpg) no 'world tour' (um conjunto de pouco mais de 20 provas, onde não está nenhuma prova portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/UCI_World_Tour)
ResponderEliminarnunca tivemos tantos nesta lista, mas de facto o rui costa é o nosso cabeça de cartas
Eu conheço-o porque ele ganhou já pelo menos duas voltas à Suíça e vejo isso nos jornais de cá. Confesso que não sou adepta de desporto, mas o pouco que conheço é mesmo o suíço...
ResponderEliminaro rui costa é talvez o ciclista português com o currículo mais forte
ResponderEliminaro joaquim agostinho seria provavelmente hoje mais forte, mas viveu noutras épocas com outras faltas de condições e uma enorme diferença de condições de treino para o resto da europa, coisa que hoje está muito mais próxima