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Kazuo Okubo |
Kazuo Okubo guarda por traz das lentes a paciência e a disciplina orientais aprendidas com o pai dele. Volta e meia nos cruzamos e nos reconhecemos. Eu, almoçando no Dom Francisco. Ele, ocupando o estúdio que, não por acaso, fica à beira do Lago Paranoá, em Brasília.
Do pai, herdou o ofício e o amor pela imagem. Faz a sua própria história de fotógrafo com apuro e sensibilidade, num trabalho que muitas vezes beira a arte pura. Foi assim agora, quando se juntou com um grupo que se auto-denomina
"Guardiões do Lago".
Foi deles a ideia de fazer um ensaio fotográfico usando o nu dos corpos para chamar a atenção e evitar a violação do Lago Paranoá. O lago é o coração úmido de Brasília. É fruto de um sonho, é o artificial mais natural que conheço. É o que permite a Brasília orgulhar-se da condição de ter
uma das maiores frotas náuticas do país. E é o que nos faz, brasilienses, natos ou adotados, desfrutar de um mar ilusório e real, a milhas e milhas de distância do litoral.
A ideia não é original (muitos já usaram corpos nus por outras causas), mas tornou-se pelas lentes de Kazuo e pelo equilíbrio obtido entre corpos e água. Claro, também pela beleza física dos voluntários que toparam expor a intimidade por uma causa tão nobre quanto a preservação do lago. O resultado deu fruto a um calendário de imagens perfeitas e harmoniosas. Corpos nus na água serena. A fragilidade e a exuberância eternizados pelos olhos agudos de Kazuo.
As fotos dizem muito. Mas o making off produzido pela
Lojinha de Filmes e pela
Omni Vídeos fala por si só. Delicie-se.
Tenho o enorme privilégio de ter conhecido o Paranoá: do cimo da ponte, de jantar com ele a reflectir Brasília, de navegar nele. Ver este clip no Youtube deu-me uma saudade que dói.
ResponderEliminarNão se visita Brasília impunemente.