28 de janeiro de 2014
Pete Seeger : "this train is bound for glory" (forever and ever)
Na adolescência, a minha amiga Paula ofereceu-me uma cassete BASF gravada em casa, uma das formas através das quais então ouvíamos música. De longa duração, continha todos – ou quase todos – os temas de Pete Seeger. Ouvi-a vezes sem conta, na impossibilidade de ter os discos. Foi sempre esta a melhor forma até hoje encontrada para, por conta própria, aprender inglês, a procura de sentidos presentes em grandes temas (a par dos de Woody Guthrie). Através deste método de aprendizagem (mais apelativo do que o escolar) deu-se a empolgante descoberta de todo um imaginário comum à canção folk e ao country: ouvi-las quase que fazia desfilar, como num cenário real, o verde das pradarias, viagens em comboios sem pressa de chegar; histórias de homens de caminhos de ferro cruéis, que bebiam o sangue em vez de vinho (a railroad man, will kill you if he can, he'll drink your blood and will drink it like wine) a par da despreocupação do amor fugaz (careless love) ; a cor negra de uns cabelos de alguém especial (black is the color of my true love's hair); as palavras de Luther King (we shall overcome), tornadas canto alargado de protesto contra a injustiça . Há cerca de um ano, fiquei surpreendida ao ter visto um postal escrito pela mão do próprio Pete Seeger ao Jorge, amigo de longa data - tratava-se de uma resposta pessoal a uma carta que este meu vizinho lhe havia enviado, o músico tratava-o pelo primeiro nome e não era um texto estereotipado, referia-se mesmo a Sintra, à vida neste pequeno país. Fiquei a admirar ainda mais o músico, é assim que o tenciono recordar, caso a memória não pregue partidas: simples, vertical, a conduzir-nos através das pradarias americanas. E sim, o título do post é também para dizer que Guthrie (a par de Seeger) se mantém vivo no pensamento.
Eu sorri-me toda ao ler cassete BASF. "Queimei" tantas quando era mais nova e também me lembrei de um desenho que vi há dias com a seguinte legenda: "os jovens de hoje não percebem a relação entre estes dois objectos" (uma cassete e uma caneta).
ResponderEliminarDepois fui atrás dos links: gosto muito do som do banjo, é animado por si só.
Mas quando ouvi "Black is the color"... fico-me por aqui. :)
O 'black is the color' é fantástico, sim, talvez um dos temas que tenha ouvido mais repetidamente :) De Pete Seeger seguiu-se o voo para a poesia norte americana e tantos, tantos pontos em comum. Ainda hoje agradeço o facto de me terem aberto as portas para tantos autores que , por mim, teria sido difícil descobrir. Ainda bem que apreciou. Demasiado importante para não ser aqui mencionado :)
ResponderEliminar"Precous Friend", com Arlo é um dos discos da minha vida. Ainda por cima, na época, era um LP duplo(!) e "ao vivo". Pete tocou em Portugal no antigo Pavilhãao dos Desportos, em 83, salvo erro.
ResponderEliminarVou continuar a ouvir Seeger sempre, neste e noutros discos. É imortal, não só pela sua música.