16 de janeiro de 2013

Chá e palavras

Enquanto bebo o meu chá de rooibos, assim como assim não faz mal a nada, penso na velocidade destes últimos meses. Numa sociedade em que nada é dado por adquirido porque em convulsão profunda, em que se deseja estabilidade, segurança e saúde. Existe uma calma aparente, todos tentamos uma contenção de emoções que permita a gestão deste dia a dia tormentoso.
Logo de manhã um autocarro cheio de pessoas que não costumavam usar autocarro, de lancheiras e pesados agasalhos. Alguns lêem, outros de olhar perdido deixam escorrer a paisagem. Eu aproveito e enumero as tarefas do dia. Mas há algo diferente e eu não sei definir. Um pesado silêncio por vezes. Para se conseguir suportar a crise sem a nomear. Porque só o nome incomoda.
Não sei. Entretanto bebo o chá e espero que a noite na cidade adormeça tranquila.

4 comentários:

  1. Há muito de diferente, sim, a minha viagem de comboio é relativamente longa e, quando não venho a ler, distraio-me a olhar para o semblante das pessoas, principalmente as que se encontram na gare. É muito carregado, triste, sem querer generalizar, quase todas indiciam desencanto.

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  2. É que chá é esse que um neura depressivo como eu imagina já como panaceia universal para as suas maleitas, incluindo as de alma?

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  3. É um chá vermelho muito saboroso:) Faz bem sim:)

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  4. T., gosto especialmente deste teu texto! Simples e descritivo do que se sente no actual dia a dia das nossas gentes!
    Não conheço esse chá, mas vai-o bebendo com moderação.

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