25 de agosto de 2011
Um carocha dos diabos
(fotografia de Judah Benoliel)
Quem pertence à geração do filme Herbie e vive em Portugal, quer goste ou não das produções Disney fica a pensar que, por diversas vezes, a realidade se sobrepõe à ficção. Este automóvel, carinhosamente apelidado de carocha, encontra-se hoje modernizado. As linhas são mais leves, o preço mais elevado – coisas dos tempos – embora o modelo clássico perdure no imaginário colectivo.
Na família houve quem, ao longo de décadas, não o tivesse dispensado: sempre que um destes utilitários se encontrava estafado, era trocado por um exemplar da mesma marca e modelo, mudando-se a opção da cor como fuga à monotonia. Sólidos e resistentes, duravam uma vida. Ainda hoje encontramos alguns da época em bom estado de conservação e a circular pelas nossas estradas ostentando, com orgulho, os reluzentes cromados.
A tia S, recém-chegada de outro continente desafiou-me, na infância, para um passeio pelos arredores em companhia dos meus primos. A certa altura – longe estavam os tempos das inúmeras auto-estradas e IPs - começou a elogiar com veemência o bom estado da via em que circulávamos. Inesperadamente, fomos estancados por um pequeno jeep militar ao mesmo tempo que um foco de luz nos encandeava: nos idos 60, circulávamos inadvertidamente pela pista de aviões da base aérea mais próxima.
Mais tarde e em exílio francês (hoje tornado “lar, doce lar”), verifiquei que os meus tios, durante alguns anos, continuaram entusiastas do carocha.
Apontaria, pois, dois factores para a realidade se sobrepor à imaginação: o périplo familiar pela pista de aterragem num passado em que não havia barreiras de acesso à mesma e a frota presente na imagem que, certamente, conseguirão associar a uma tradição alfacinha ainda hoje em vigor. Não duvido de que a consigam identificar sem dificuldade.
Lembro-me de em pequenas, em viagens com os nossos Pais, eu e a minha irmã nos entretermos a contar carochas na estrada, de tal maneira era o carro que mais se via.
ResponderEliminarComo agora contamos os Clio, Teresa:)
ResponderEliminarPenso que o fotógrafo será o Judah e não o Joshua, que morreu pelos anos 30. A não ser que seja um neto.
ResponderEliminarÉ o Judah, sim, e eu sabia, foi um clicar 'por defeito', obrigada, T:)
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