"Quando casaram, ela tinha "la beauté du diable", pele rosada de fruta sadia, olhos risonhos e meigos, cabelos fartos e uma alegria esfuziante, vasta, a espalhar-se por pessoas e objectos.
Tanto brincava com a gata modorrenta de nariz aveludado e pelo às ondas. como dispunha amorosamente rosas numa taça ou se interessava por tristezas alheias.
E para tudo achava a palavra de carinho, satisfação ou conforto.
Quando encontrou os olhos do João Manuel esqueceu o mundo, nos olhos dele achou ela tudo o que até aí lhe enchia os olhos.
E achou lá muita coisa que ignorava e lhe não faziam falta nenhuma: a ansiedade, a agonia que se sente cá dentro quando se espera por que não vem, a loucura que nos endoidece quando interrogamos «onde teria ido e com quem ? (...)»
Texto de Aurora Jardim Aranha, Ilustração de Raquel Gameiro
Revista Eva, 1933
Bonito!
ResponderEliminarSublinho estas duas frases:
E para tudo achava a palavra de carinho, satisfação ou conforto.
… esqueceu o mundo nos olhos dele …
Histórias de amor, sempre tão actuais, independentemente do(s) amor(es).
ResponderEliminarLinda, esta...
Não é só a completude, existe também a ausência dela...
ResponderEliminarAna:)
ResponderEliminar