23 de novembro de 2010
Investigação - A nau vai com bom rumo
Os números hoje divulgados relativos à investigação em Portugal agradam-me muito.
Não que esteja contente com os números em si, mas porque representam um incremento positivo na nossa capacidade de inovar e acrescentar valor e qualidade ao que fazemos.
Houve acréscimo de investimento em I&D no sector empresarial privado e manteve-se alto no sector público, seguindo a linha de fortalecimento deste investimento como factor de criação de riqueza nacional. [1,71% do PIB, representando 2.791 milhões de euros (dados de 2009)].
Temos 45.909 investigadores, o que representa um rácio de 8,2 por cada mil activos, reflectindo a boa qualificação dos portugueses e um bom resultado para os que apostaram neste caminho.
Neste caso não estamos na cauda da Europa, bem pelo contrário estamos no pelotão da frente, quem diria? A nau vai com bom rumo!
O vector melhor educação -> melhor qualificação -> mais investigação -> mais inovação -> mais exportações parece-me ser fundamental para se manter a nossa tradição de povo inovador na vanguarda da actual sociedade ocidental.
Estes números reflectem, igualmente, a melhor preparação que as novas gerações têm relativamente à minha, a dos ‘cinquentinhas’.
Gostava que a malta da minha geração deixasse de ter medo dos ‘putos de agora’! Eles são melhores que nós, sem dúvida, e não nos vão fazer mal algum, nem nos vão tirar os lugares, descansem, eles sonham bem alto!
Foto de Martine Franck, 1987, Magnum Photo (PAR111995)
Ainda bem que a os números são animadores. Qual a idade média dos investigadores, porém?
ResponderEliminarA nossa geração, se é que é outra, ainda tem muito para dar. Ninguém tira o lugar a ninguém e há trabalho que chegue para todos. Assim o queiram os construtores da nossa realidade. Porque na realidade, faltam os fazedores e abundam os omissos.
Um óptimo post de reflexão.
Pelotão da frente na Europa só se for num sonho ou há 500 anos!
ResponderEliminarQuanto à média de idades dos investigadores- sem condições e actualmente investigadora em part-time - posso dizer que não integro a tal geração referida no post... fazendo minhas as palavras da T:)
ResponderEliminarP.S: em Inglaterra e países anglo-saxónicos os investigadores a exercerem profissões a tempo inteiro têm estatuto, pois cumprem as metas de acordo com as condições que lhes são concedidas. Sei-o através dos professores ingleses e americanos com quem tenho pontualmente trabalhado.
Einstone, a Nau da Investigação já dobrou o Cabo das Tormentas há muito tempo, navega agora em mar aberto! Se os números dizem alguma coisa, Portugal está a chegar a bom porto. O rácio e a percentagem de investimento, agora apresentados, são superior à média europeia, sim colocam-nos no pelotão da frente.
ResponderEliminarContinuamos na cauda da Europa, e ainda mais que antes. Pois mesmo com mais "investigadores" o número de patentes registadas é infimo, pelo que nesta coisa da investigação anda muita gente a "fazer cera"
ResponderEliminarTeresa, a referência à minha geração, a dos ‘cinquentinhas’, é uma chamada de atenção a estes (eu incluído) para que não fiquem velhos do Restelo, intervenham, acreditem nos novos projectos, deixem desenvolver as novas ideias, participem na inovação sem receios e reconheçam a qualidade das novas gerações. Ficaremos todos a ganhar se a Nau da Investigação portuguesa mantiver o seu rumo e chegar a bom porto.
ResponderEliminarT. quanto às idades a investigação é transversal, como não podia deixar de ser.
ResponderEliminarFoi a nossa geração que refundou a investigação em Portugal, incrementada e apoiada agora pelas novas gerações de investigadores.
Concordo e acredito que a capacidade de inovação dos portugueses permitirá, de cada vez mais, criar ‘fazedores’ e desentupir-nos dos omissos. Mas T., os construtores da nossa realidade somos nós próprios.
Nem sempre somos apenas nós apenas a construir, existem tantas condicionantes e envolventes. Gostava bem que o trabalho fosse apenas um prazer.
ResponderEliminarMiguel Gil,
ResponderEliminarEu gostaria de ser optimista, embora não me saia do pensamento a expressão sarcástica de que «um pessimista é um optimista com experiência»... A família conhece dois neurocirurgiões portugueses que, graças a uma descoberta, recebem hoje cidadãos de todo o mundo e não há tanto tempo assim, tinham de utilizar espaços das casas onde moram para avançarem na sua investigação que os levou a um progresso fantástico na recuperação em pessoas paraplégicas na sequência de acidentes... Quem tantos resultados tem obtido na qualidade de vida de casos pensados irrecuperáveis não mereceria melhores condições de trabalho?
Luis Bonifácio, coloca uma questão interessante: Quanto do resultado da investigação chega a ser produto? Não sei dar uma resposta concreta, contudo relembro que é bastante frequente serem publicados nas revistas cientificas artigos, com autoria, participação ou direcção de investigadores portugueses.
ResponderEliminarDe facto, não tenho dados sobre o incremento de patentes com o actual quadro da investigação, mas relembro que os cartões pré-pagos dos telemóveis; o pagamento via verde; o funcionamento único dos sistemas multibanco e postos de pagamento automático; o avanço terapêutico em neurociência, aqui relatado pela Teresa; a película ecrã táctil que se adaptada a qualquer forma ou superfície; e outros que não me lembro assim de repente, são resultado da investigação e da inovação portuguesa.
Segundo os dados publicados e que serviram de motivo ao meu post, ¼ da inovação e investigação resultam em exportações.
Penso que, na perspectiva da investigação, Portugal está a fazer o pino e a cauda da Europa está do lado de cima!
Claro que sim, Teresa!
ResponderEliminarQuem trabalha merece ter as condições que lhe permitam desenvolver o seu trabalho, e isto aplica-se tanto à investigação como a todos os outros trabalhos.
Penso que a Teresa se está a referir à utilização de células estaminais na recuperação/renovação de células mortas em áreas neurologicamente danificadas. É de facto um dos maiores avanços terapêuticos dos últimos tempos, tendo por base muito trabalho de investigação.
Não concordo que um pessimista seja um optimista experimentado, pelo menos nos domínios da investigação científica, a não ser que não aprenda nada com as experiências efectuadas. Mas aí a questão seria mais de estarmos a falar de um mau investigador.
Eu não sou optimista nem pessimista, sou positivista! Quero que aquilo em que acredito derrube obstáculos e atinja os objectivos traçados. Acredito que as novas gerações estão melhor qualificadas e que têm objectivos a atingir muito além dos nossos. Deve-lhes ser dado as condições para que possam trabalhar. A nossa confiança é uma delas.
Referia-me à equipa médica que passo a 'linkar' em final de comentário, sendo que ouvi o neurocirurgião Carlos Lima (membro da equipa) referir em entrevista que até a marquise de sua casa servia para laboratório de investigação antes dos fantásticos resultados alcançados (esta adjectivação é exclusivamente minha), dado não lhe ser cedido um espaço condigno... Quanto à definição de pessimista foi uma simples tirada, não o serei, embora pratique a «dúvida metódica» e, como tal, não sei até que ponto quem contribui para o avanço da ciência é devidamente valorizado com as condições propícias ao progresso...
ResponderEliminarhttp://odivelas.com/docs/Medula.pdf