25 de outubro de 2010
Tradições, inovações, aspirações...
Muitos de nós, mesmo tendo o privilégio de gostar da profissão exercida, encerramos não raramente alguns sonhos secretos. Aspirações essas que, sempre que alguém próximo as traz à luz do dia geram, no mínimo, alguns sorrisos... Há alguns meses, em ameno jantar com familiares e amigos, gozando a paisagem campestre do Sul e entre conversas a correr despreocupadamente, descobrimos ser segunda aspiração de um dos presentes tornar-se, um dia, criador de gado… Sendo alguém cujo mundo é o da economia (o que muito vale aqui à "je" em momentos de mexer em números por saiba-se lá que desígnio), a informação surgiu em flash a ponto de deixar alguns olhares arregalados…
A título pessoal, a opção prende-se com o laboratório de gastronomia. Como alguém um dia afirmou, tendo concordado com a escriba ser tal experimentação a única actividade doméstica revestida de criatividade (poder-se-ia referir a decoração, mas não se lhe atribuirá o mesmo peso, passar a ferro é castigo…). O lado lunar da questão prende-se com o «depois», ou seja, com a tarefa menos nobre associada à horrenda visão de tachos e caçarolas empilhados na bancada, à espera do banho de beleza a restituir-lhes brilhos originais…
Aplaudindo mercados tradicionais que de tradicional cada vez menos possuem, a preferência não invalida que se torne deslumbramento o pequeno comércio com um «je ne sais quoi», a ganhar a olhos vistos o seu nicho de clientela. O local fotografado traduz uma dessas ideias bem sucedidas: dois jovens lembraram-se, um dia, de reabilitar uma loja abandonada. A decoração, minimalista e acolhedora, lembra espaços de algumas cidades cosmopolitas: balcão corrido junto à rasgada montra, poucas mesas de cadeiras simples e confortáveis. Todos são bem acolhidos, quer por lá adquiram cestos de oferta feitos a gosto pessoal com iguarias ou um simples pão de centeio. Esta marquise de chocolate acompanhada a café de primeira qualidade são a perfeita conjugação para qualquer entardecer de sábado…
A festividade gustativa e visual faz esquecer a quase ausência de estacionamento próximo. Olhando para esta mousse cremosa a desfazer- se em goles quentes de café amargo, sorri-se ao pensar em algumas críticas bem intencionadas: para quê evitar o açúcar no café se o bolo já o tem em quantidade? Qual a diferença? A diferença é o contraste entre o doce da iguaria e o travo da bebida, uma das tentações mais fortes para o paladar… Os antigos colegas italianos com quem se conviveu durante alguns anos também perguntavam: «para quê cortares nas calorias do açúcar das doses de cafeina se, quando aparecem presenças menos desejáveis, elas são queimadas às centenas só pelo olhar?»… Consciente da insignificância pessoal dado todos sermos meros grãos de poeira, fica-se a pensar que nada percebem destas coisas…
Miam:)
ResponderEliminarFicará, porventura, tal antro de prazer em Sintra ou arredores?Desde que fique até 1h de carro de minha casa, vale a pena a viagem!
ResponderEliminarConcordo, T... acrescentaria ainda (qual Dupont et Dupond): «bué de miam»:)))
ResponderEliminarFelicidade,
ResponderEliminarChamar-lhe antro não será depreciativo? Quando tivermos um tempinho combino lá ir contigo, Sintra, sim, o que me levou subitamente a acrescentar algo à etiqueta do post:)