3 de agosto de 2010

Violência doméstica

Ontem morreu a 14.ª vítima de violência doméstica, deste ano, em Portugal.
Se a violência em sim já o é, a violência doméstica é-me completamente abominável.
A nossa casa deve ser tida como local de acolhimento de todos os que lá co-habitam,e nunca como local de exercício de violência física ou psicológica sobre os que connosco partilham o espaço, quer seja unidos por laço sentimentais ou juntos por outros laços quaisquer.
Para atiçar alguns velhos do Restelo costumo afirmar que Portugal está melhor. Neste caso eles têm razão. Existe um deficit cultural e civilizacional muito grande na nossa sociedade (e noutras também), o que nos obriga a reflectir e a sermos mais activos e interventivos, contribuindo para a elevação cultural, educativa e formativa dos portugueses.
Considero que, só a melhor qualificação da formação pessoal e social dos portugueses pode alterar este tipo atitudes desqualificantes de todos nós.

12 comentários:

  1. neste caso, ainda assim, portugal está melhor.
    a diferença é que agora sabe-se do que se morre.
    a sabe-se muito mais da violência do que se sabia antes.
    se hoje bater na mulher porque o benfica perdeu é uma espécie de anedota... houve tempos em que isso era razão mais que suficiente.

    nós não prestamos.
    as infelizmente os outros também não

    ResponderEliminar
  2. Tal como o Carlos, acho que, em termos de violência doméstica, evoluímos muitíssimo.
    E não me refiro só a marido e esposas, refiro-me também à violência sobre crianças e jovens.
    Sou dum tempo em que uma má nota, uma irreverência davam direito a "cinturadas" valentes. Alguns professores - e eu sou professor - têm saudades desse tempo! EU NÃO!
    Sou fã do blogue!

    ResponderEliminar
  3. Tal como o Carlos, acho que, em termos de violência doméstica, evoluímos muitíssimo.
    E não me refiro só a marido e esposas, refiro-me também à violência sobre crianças e jovens.
    Sou dum tempo em que uma má nota, uma irreverência davam direito a "cinturadas" valentes. Alguns professores - e eu sou professor - têm saudades desse tempo! EU NÃO!
    Sou fã do blogue!

    ResponderEliminar
  4. Alinho com a perspectiva do Carlos. A violência doméstica é hoje notícia de jornal. Houve tempo em que não era. Nesse âmbito estamos bem mais civilizados.

    O que não quer dizer que não se faça tudo para a reduzir ao mínimo, já que bestas sempre houve e não se pode exterminá-las a todas...

    ResponderEliminar
  5. A perspectiva do Carlos é correcta. Só que não me dou por satisfeito! Claro que já não é como nos nossos tempos de crianças, mas bolas isso foi há 40 anos. Devíamos, civilizacionalmente, ter evoluído mais.
    ABS, só me dou por satisfeito quando as bestas forem animal extinto.

    ResponderEliminar
  6. um caminho de esperança pode ser a atenção que os jovens começam a dar ao assunto e a sua forma menos convencional de abordar a questão poder atingir os que estão numa fase de grande formação da personalidade e deaquisição de hábitos de comportamento.

    o ano passado, a propósito dum dia contra a violencia sobre as mulheres, postei aqui uma canção dos red jumpsuit apparatus, uma banda hardcore americana.
    talvez seja a altura daqueles que não viram na altura, verem agora:

    http://diasquevoam.blogspot.com/2009/11/do-you-feel-like-man.html

    ResponderEliminar
  7. De uma perspectiva micro, casos de vida onde se salvaguarda a identidade das envolvidas:
    Uma jovem a revelar crescente desconcentração e ao conquistar confiança a contar a violência física e psicológica exercida sobre ela e a mãe. Após detalhes, a atitude da professora com a oferta de orientar ambas para o gabinete de apoio à vítima. Resposta da jovem: controlo serrado em casa dado o pai trabalhar em oficina ao lado da habitação, recusa de voltar a abordar o problema ou coragem para o resolver, mesmo com o apelo a técnicos experientes não se verificaram mudanças: o pavor tolhia os movimentos das vítimas.
    Uma antiga vizinha de habilitações superiores cujo marido exercia uma profissão muito exigente de modo irrepreensível, sendo o estrato social elevado. Conseguiu mudar de casa e passou a ser agredida no exterior. Queixas improdutivas às autoridades, idas ao hospital para tratamento das agressões (no exterior e na presença das crianças) mais do que notórias com perigo de vida. Explicação escrita detalhada às entidades que poderiam resolver a questão, solicitando-se anonimato, alojamento e colocação profissional longe da área de residência (feito detalhadamente por terceiros, dado a envolvida se encontrar em depressão profunda). Situação resolvida a partir do momento em que o agressor foi internado por problemas do foro psiquiátrico.
    Atendendo a que estas situações foram recentes e na existência de rede social eficaz, parece ainda haver muito a fazer, ou seja, «o bom aqui (a divulgação) parece ainda ser inimigo do óptimo».
    Quem já lida ou lidou durante anos ainda próximos com jovens em risco familiar também sabe – após contacto a entidades supostamente responsáveis – sobre a ineficácia de grande parte (eu diria da maior parte dos casos tratados) da capacidade de resposta.

    ResponderEliminar
  8. Porque será que quando se fala em violência doméstica, a violência exercida sobre os nossos idosos é sempre esquecida? Porque será?
    E são batidos e são abandonados e são desrespeitados na sua dignidade.
    E NÃO têm qualquer hipótese de defesa, e não tem NADA!
    Quantos pensam neles?!
    E todos dormimos descansados...

    ResponderEliminar
  9. Teresa, de facto as entidades e as autoridades que lidam com estas situações só têm um intervenção reactiva, após a ocorrência de denúncia. Por vezes com decisões dúbias que colocam a pessoa agredida em situação ainda de maior fragilidade (exemplo o agressor paga uma multa em tribunal e volta para casa).
    Com o post, pretendi despertar-nos para a necessidade de se avançar com acções activas, antes da ocorrência das situações de violência doméstica, investindo na formação dos portugueses, onde a escola tem um papel a desempenhar, mas cabe a todos nós a responsabilidade de não gerarmos mais bestas (usando a designação do/da ABS).
    Se deixarmos de ser avestruz em relação a todas as situações de violência, penso que se pode chegar lá.

    ResponderEliminar
  10. Cara Teresa Santos.
    O tema do abandono (uma forma de maus tratos) e insensibilidade para com os nossos (e sublinho o 'nossos') idosos tem sido por diversas vezes tratado aqui na casa. O facto de se apontar o dedo à violência doméstica, não implica o esquecimento de um outro assunto como o que refere. Parece-me (opinião pessoal e discutível) que tratar muita coisa no mesmo post leva à dispersão. Sendo para mim um tema importante (há dias ouvi casualmente a frase 'um idoso que morre é uma biblioteca que arde' deixo aqui um simples exemplo de um belo post sobre o aspecto que refere:

    http://diasquevoam.blogspot.com/2010/01/uma-doenca-nossa.html

    ResponderEliminar
  11. Olá Teresa,

    Sabe? É que considero que nunca é demais lembrar aqueles que não têm voz, aqueles que sofrem em termos psicológicos (e não só) horrores.
    Vou ver o post, obrigada.

    ResponderEliminar