13 de agosto de 2010

coincidências ii

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Há coisa de 15 dias, fizemos o primeiro inventário na biblioteca, o primeiro em 20 anos. O resultado foi surpreendente... todos os títulos registados faltavam-nos apenas 9 livros. O inventário foi feito à moda antiga, não havia “pistolas móveis” para passar por cima dos códigos de barra e assinalar que o livro foi inventariado. Aqui, preenchemos os carrinhos com o máximo de livros que podemos, vamos junto ao computador e registamo-los um a um. Embora seja lento, este método tem vantagens. Enquanto fazemos fila e esperamos que a equipa anterior acabe de registar os "seus", vamos vendo os que estão em mau estado ou obsoletos e eliminamos muita coisa. Por um lado “limpamos” o fundo, por outro arranjamos mais espaço para as novas aquisições.

Nestes dias de inventário penso nos anos em que trabalhei pelas livrarias de Lisboa. Dizia-se na altura que para poder integrar uma equipa de livraria era melhor não se dizer que se gostava de ler porque isso era sinal de passar muito tempo sentado a ler livros em vez de arrumar e re-arrumar os livros já arrumadíssimos, com ares de quem esta ocupadíssimo. E assim era, arrumávamos o que já estava arrumado em algumas, noutras era uma trabalheira desgraçada e não havia tempo para respirar e noutras ainda havia toda a parte de informatização. Em qualquer um dos 3 casos, isto permitia-nos conhecer os livros e autores praticamente de cor e sabíamos exactamente onde estavam arrumados e quantos exemplares havia de determinado título. Na biblioteca o lema é outro, pelo menos nesta. Ler (durante o trabalho) para aconselhar (durante o trabalho), não há livros a chegar todas as noites por razões óbvias e assim sendo menos manipulação e menos conhecimento dos títulos menos solicitados. Pois então neste inventário passaram-me pelas mãos obras que nunca tinha visto em 4 anos de biblioteca, livros nos quais nunca tinha ouvido falar. Um deles, que esta em cima da minha secretária, chama-se “84 Charing Cross Road”. Olhei para ele, gostei do título, folheei-o. Cartas entre uma escritora e um livreiro. Ando a adiar levá-lo de empréstimo porque para além de ter muitas coisas em espera para ler, acho que vou gostar muito dele e apetece-me prolongar este sentimento.

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Enfim, nunca tinha ouvido falar neste livro (grande falha, sei-o agora). Hoje de manhã enquanto fazia umas pesquisas de leituras adicionei à minha lista de compras o titulo “Lady Susan”, de Jane Austen e, enquanto ia lendo os diversos comentários sobre este livro, diferente dos restantes romances da autora, dei de caras com o seguinte comentário.

Há quem ache que “eu tenho olho”, eu acho que é mais uma coincidência na mesma semana e, ainda sobre coincidências, o posfácio diz logo nas primeiras linhas: "C’est par la plus pure des coincidences que les lettres que l’on vient de lire sont devenues un livre, puis plus tard une pièce de théatre et un film”.

Entretanto passaram alguns dias, acabei por ler o livro e, como esperado, fiquei apaixonada. Afinal é um livro muito conhecido, com admiradores espalhados pelo mundo inteiro. O filme baseado na obra, onde entra Anthony Hopkins, parece ser o mais belo filme de todos os tempos feito sobre os livros... e ainda no posfácio: “84, Charing Cross Road fait partie de ces livres culte que l’on se prête entre amis, transformant ses lecteurs en autant de membres d’une même société secrète.”... Só tenho pena de não o ter lido em inglês.

4 comentários:

  1. Ah! Tem de ver o filme, é belíssimo, e está com um preço ridículo na Amazon, menos de quatro libras!

    http://www.amazon.co.uk/84-Charing-Cross-Road-DVD/dp/B00005UWUL/ref=sr_1_1?s=dvd&ie=UTF8&qid=1281724465&sr=1-1

    Foi-me oferecido há três anos, numa cópia de VHS para DVD, acabei por comprar um original. Sobre ele escrevi o seguinte no meu blogue, quando o vi pela primeira vez:

    «84 Charing Cross Road. Com o disparatado título português de A Rua do Adeus. No Brasil e em Espanha teve tratamento igualmente brilhante: Nunca Te Vi, Sempre Te Amei e La Carta Final... Desconhecia-lhe em absoluto a existência, foi o José quem me falou dele. Realizado em 1987, comoveu-me estranhamente. Sir Anthony Hopkins, a já desaparecida Anne Bancroft e Dame Judy Dench num pequeno papel. Um filme que entra direitinho no coração de todos os amantes de livros. Revi-me encantada nesta frase da protagonista sobre livros usados: «I love inscriptions on flyleafs and notes in margins. I like the comradely sense of turning pages someone else turned and reading passages someone long-gone has called my attention to.»

    Aqui:
    http://gotaderantanplan.blogspot.com/2007/06/os-melhores-prmios.html

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  2. Este o filme das cartas. Espantoso. Obrigatório de ver.

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  3. é caso para dizer que as traduções não fazem justiça à historia... o livro não poderia ter outro titulo seja em que lingua for... tudo se passa em 84 charing cross road :)

    quanto ao filme, estou em pulgas, ja esta na minha lista de compras e quase no meu cesto de compras ;)... tenho mesmo que vê-o!

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  4. Não conheco o livro mas gostei muito do filme. O meu irmão gravou-o quando deu na TV há longos anos.

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