1 de abril de 2010
Vendedores de sonhos
(fotografia: Dr. Marjay)
O vendedor de balões: imagem de infância que certamente se encontrará gravada em colectiva memória. Amontoado de balões de diversos formatos e, a ostentá-los, o vendedor à porta do Jardim Zoológico, da Feira Popular, do coliseu e por diversos jardins da nossa bela cidade. Em dias bafejados pela sorte – nunca fomos muito de ver todos os pedidos satisfeitos pelos pais – lá ganhávamos o ansiado balão que prendíamos ao dedo com a extremidade livre do cordel. Sempre que um se escapava das mãos como breve sonho, oscilava-se entre a tristeza de uma perda - significativa num imaginário de criança- e o fascínio de fazer voar a imaginação, vendo a leve bola colorida a ganhar altitude e deixando a imaginação a vaguear juntamente com ela: iria decerto chegar à lua ou ao sol, em fuga por entre as estrelas, dando sentido aos versos de Miguel Torga:
A criança olha
Para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
Quer tocar o céu.
Não sente a criança
Que o céu é ilusão:
Crê que o não alcança,
Quando o tem na mão.
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