4 de janeiro de 2010

QUANDO VIERES

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“Quando vieres
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala…
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o seu cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.
Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.
Quando vieres
Nenhum de nós dirá nada
Mas a mãe largará o bordado
O pai largará o jornal
As crianças os brinquedos
E abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando vieres, Não és só tu que vens,
É todo um mundo novo que despontará lá fora
Quando vieres”

Maria Eugénia Cunhal

Desenho de Rogério Ribeiro.

6 comentários:

  1. Trata-se do poema XVII de Silêncio de vidro, presente nas páginas 34 e 35 da edição da Autora, cuja impressão é datada de Abril de 1962.
    Aqui, faltam as quebras de estrofe (antes de "Quando vieres" e de "Pois quando vieres") e há 2 versos transformados num só ("Pois quando vieres,
    Não és só tu que vens,").

    (peço desculpa pelas picuinhices...)

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  2. Realmente, os dias que voam...
    E o post relembra também o pintor Rogério Ribeiro já desaparecido em 2008.

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  3. Sei que estou certo, e não errado!
    Mas o mais provável é alguém achar que estou errado, démodé..., mas não faz mal!...

    Espero que haja gente que páre e medite no que foi ter de partir, passando à clandestinidade para lutar pela liberdade!

    Hoje, o sofá é posto de comando de opiniões, e recordo a canção 'didáctica' do Paulo de Carvalho c/ os meninos à volta da fogueira, para aprenderem como se faz uma Bandeira...!

    Um Bom Ano!
    C.R.

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  4. Não são picuinhices, caro Rui. É rigor. Muito obrigado pelas correcções.
    Desconhecia a existência dessa edição de autor de Abril 1962. Disseram-lhe que existia uma edição de poemas de Maria Eugénia Cunhal (Edições Avante?) mas nunca a encontrou.
    Boa poesia, Bom Ano.
    Um abraço

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  5. Rogério Ribeiro que gostava tanto de Pintura como de Litaratura. Uma personalidae extraordinária que nunca se pôs em bicos de pés. Não precisava. Isso é para outros...
    Um abraço, Bom Ano

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  6. Uma geração, a nossa, de pessoas derrotadas. Desencontrámo-nos e esquecemos o quanto teríamos que ser didacticos. Manuel António Pina, nestes caminhos, cita sempre Carlyle: que as revoluções são sonhadas por idealistas, realiazdas por radicais, e que quem delas se aproveita são os oportunistas de todas as espécies...

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