10 de dezembro de 2009

AS COUVES DO NATAL

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Apanhou uma aberta, deu um salto até à quintarola do primo para ver, depois do abate das acácias, como dançava a disposição…
Um pouco melhor, é certo, mas já arranjou uma outra guerra – “as couves para o Natal estão uma porcaria”, disse-lhe em vernáculo.
O citadino que é, achou as couves uma maravilha, folhas bonitas, verdinhas…
“Vê-se logo que não percebes nada disto!... as couves ainda não formaram o olho que é isso que define uma couve… as folhas são para os coelhos… e não queiras saber as ervas que já tive de arrancar, se não ainda estavam bem piores…”
Sabe do gosto, da atenção, que o primo dedica à sua quintarola. Alguns exageros mas há gente que não consegue viver sem o perfeccionismo, seja lá no que for, compreende-os, pensa que eles é que estão certos, mas, defeitos de ter andado no shipping”, pensa sempre que nem tanto ao mar nem tanto à terra…
As couves para o Natal coloca-as na terra, no último dia de Setembro. Trata-as carinhosamente, faz figas para que as geadas não as queimem. Não levam químicos, nada que seja artificial... Vão crescendo e todos os dias vai assistir a esse crescimento. O Natal passado, talvez pelo tempo mais quente que fez, formaram-se antes do Natal chegar… agora, ele diz que estão atrasadas…
Regressou à cidade e ia magicando que, quando andamos por aqui, não nos apercebemos dos pequenos-grandes dramas horticolas… Amaldiçoamos a chuva e ela é um bem para o agricultor, amaldiçoamos o tempo quente e ele também é importante… O tempo, na cidade, não tem o mesmo valor que o o homem do campo lhe dá.
Admite que o pessimismo do primo é apenas pessimismo, desde pequenino um certo mau feitio… e fica a acreditar que, pelo Natal, as couves hão-de chegar à mesa. Com, ou sem olhinho, teremos couves… e ouvirá o primo voltar a dizer, tal como sempre diz quando que lhe dá produtos da quintarola: “e não te esqueças, quando as tiveres a comer que nelas está o suor e o trabalho do “je”…
É assim o primo…De outra maneira talvez não tivesse piada… Seria um primo como os outros e ele, tem um certo gosto pelas diferenças…

2 comentários:

  1. Certamente que as couves do primo, com ou sem olhinho, são melhores que umas que vi hoje - num raro momento em que olhei para cima - numa varandinha com menos de um metro quadrado, algures num quarto andar, num prédio de Lisboa. Couves alimentadas a emissões de automóveis.

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  2. ... em azáfamas escolares ainda nem espreitei nos últimos dias as da horta doméstica, tendo-me fiado nos cuidados da chuva. Se estiverem fotogénicas ainda as 'divulgo'.Para mim, só o facto de serem por cá cultivadas já tem outro significado, mesmo tendo levado (pelos posts) a caracterização por parte de uma colega 'campestre' de alguém com uma visão muito urbana do campo.

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