há pessoas que nos influenciam muito mais do que gostamos de admitir.
há, na música, programas, ou pessoas, que contribuíram de forma notável para o que é o nosso gosto.
se o 'em órbita' foi uma espécie de 'música pop' explicada às crianças famintas e analfabetas, ou um oásis no deserto radiofónico da época (de algum modo o que eu acho que estoicamente faz o pedro costa com o seu coiote na antena 3 no começo das noites de domingo), o antónio sérgio conseguiu, ao longo de quase 40 anos, manter nos vários programas que fez, a mesma vontade de mostrar os caminhos que se estavam a abrir na música rock: dos longínquos tempos do rotação, em que mostrava que o punk era um pouco mais que 2 acordes e prego a fundo, ao som da frente, lança-chamas, rolls rock... o antónio sérgio foi uma espécie de serviço público na rádio portuguesa. fosse qual fosse a estação onde se alojava.
é um lugar comum dizer que todos ficamos mais pobres.
somos sempre muito egoístas nestas coisas quando pensamos que 'nós' ficámos mais pobres quando alguém morre. o mal é sempre de quem morre.
felizmente para nós ficámos todos muito mais ricos: temos o seu legado que é tudo o que aprendemos com ele, mesmo achando que descobrimos sozinhos.
Já há muitos anos que deixou de ouvir rádio.
ResponderEliminarAs músicas do António Sérgio não são as suas músicas. Mas gostava de o ouvir quando ocasionalmente o apanhava em “A Hora do Lobo”.
Desejou enfiar umas bengaladas, pelos costados abaixo, aos ignorantes , aos lambedores de botas das editoras discográficas, quando há uns dois anos acabaram com “A Hora do Lobo” porque “não correspondia às características da nova grelha da Rádio Comercial”.
António Sérgio foi um profissional de rádio competentíssimo, um homem que gostava de músicas, tinha um soberano respeito pelos ouvintes e gostava muito do que fazia. Sabe do que fala porque em grande parte da vida a rádio foi sua constante companheira. Ainda de um tempo em que se chamava Telefonia.
Os programas do António Sérgio fazem já parte da História da Rádio em Portugal.
Fez falta...
ResponderEliminar“E esta rádio de hoje, coitada, não incendeia absolutamente nada. Põe o ouvinte a um canto e diz-lhe: ouve isto, que não te maça, não te assusta, não te provoca, não te faz comprar discos. Outra verdade: a rádio de hoje não te faz comprar discos; as rádios de autor conseguiam fazer as pessoas ter paixão por comprar música.”
ResponderEliminarAntónio Sérgio, em entrevista à Blitz, em finais de 2007, nos breves momentos entre a saída da Rádio Comercial e a entrada na Radar