“Álcool”
Partir,
sim, mas partir realmente,
definitivamente,
cobra que deixa a pela já crestada dos sóis
e se empoleira nas árvores como um pássaro
Partir,
mas com a espontaneidade de quem sente que parte,
e não com o desespero
de quem quer fazer-se partir.
Partir,
que os hotéis de luxo têm seus quartos guardados para mim,
e os salões embandeirados de luz
esperam-me.
Partir para Jungfraus e Niagaras,
e à noite embriagar-me entre cristais e mulheres!
Depois,
raspar com as unhas no chão e enterrar-me,
deixando os olhos de fora
para que neles poise
o último orvalho da manhã.
João José Cochofel em "46º Aniversário"
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