8 de setembro de 2009

SÍTIOS POR ONDE ELE ANDOU

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Este calor de ananases que tem feito das noites lisboetas um inferno sufocante, fez com que se lembrasse de histórias antigas, que tem contado ao longo dos dias da vida , mas em que muito poucos acreditam.
Ele está no alto da Penha de França. Atrás tem o enorme depósito de água, ao lado a igreja. Naquele tempo esse prédio verde que se vê, quase em primeiro plano, na fotografia, não existia. Então podia ver-se o edifício da Cervejaria Portugália onde pelas noites de Verão, se exibiam filmes na esplanada. Lá ao fundo podem ver-se as árvores da Pascoal de Melo.
Não havia televisão e as noites quentes, convidavam as pessoas a vir para as portas das casas, para os miradouros, para os jardins. Mas dezenas de pessoas encostavam-se ao muro para ver as imagens que, lá longe, passavam no écran. Apenas as imagens. Nem som, nem leitura de legendas, apenas as imagens a correr.
Simples e comovente…
De tudo se serviu para que um dia explodisse o gosto pelo cinema. Ele e a malta do bairro.
Curiosamente nunca viu um filme sentado na esplanada da Portugália. E tanto que, em miúdo, o desejou. Quando a possibilidade de o fazer chegou, já não exibiam filmes.
Também havia filmes na esplanada do “Capitólio” no Parque Mayer. Nunca viu nenhum. Num Verão, pelas festas da cidade, aconteceu um “drive-in” no Jardim do Tabaco. Deliciado voltou a ver um dos seus filmes da vida – “Do Fundo Do Coração” de Coppola e já perdeu o conto às vezes que o viu. Sabe também de exibições de filmes, ao ar livre, no estádio do Inatel. Nunca por lá passou. Mas é cliente habitual das sessões da Esplanada da Cinemateca, que ocorrem em Julho e Setembro. Em Julho passaram filmes de piratas, por Setembro estão a ser exibidos alguns filmes de James Bond. Por vezes acontece um friozinho arrepiante, mas nada que uma boa bebida não resolva.
Ainda hoje sente o calor, o cheiro daquelas noites dos seus oito/nove anos a olhar os filmes da Portugália. O regresso a casa. As janelas abertas a respirar o fresco, as pessoas a conversar nas ruas. Um perfume de cravos e sardinheiras. O tempo da inocência total. Os caminhos para o Cinema Paraíso.
Tantas coisas que ele gostava de escrever. Se soubesse…

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