3 de abril de 2009
TAMBÉM A BELEZA DAS CAPAS
“A Sagrada Esperança”
Agostinho Neto
Capa: António Domingues
União dos Escritores Angolanos
Luanda, 1986
“Kinaxixi”
“Gostava de estar sentado
num banco de kinaxixi
às seis horas duma tarde muito quente
e ficar…
Alguém viria
talvez sentar-se
sentar-se ao meu lado
E veria as faces negras da gente
a subir a calçada
vagarosamente
exprimindo ausência no kimbundu mestiço
Veria os passos fatigados
dos servos de pais também servos
buscando aqui amor ali glória
além uma embriaguez em cada álcool!
Nem felicidade nem ódio
Depois do sol posto
acenderiam as luzes
e eu
iria sem rumo
a pensar que a nossa vida é simples afinal
demasiado simples
para quem está cansado e precisa de marchar”.
Realmente a capa é linda, tal como o gin já tinha afirmado (não comparável à edição cá de casa).
ResponderEliminarQuanto ao Kinaxixi, para quem não conheça Luanda (que conheci em 80), trata-se de uma praça que na era colonial tinha uma estátua da Maria da Fonte e, logo após a independência, foi substituída por um tanque de guerra (perguntei-me como o conseguiram colocar sobre um pedestal tão alto).
Os portugueses que lá continuaram a viver e por lá se encontravam desde a época colonial, tinham um dito próprio: "a Maria da Fonte passou a chamar-se Maria do Tanque".