12 de abril de 2009

o novo forno de fajão já produz

há muitos anos que não oiço abrir a porta da casa da minha avó e perguntarem:
- ó senhora maria da luz, quem é hoje a cozer?

a minha avó morreu há muito, eu já não durmo naquela casa há mais de um ano e agora os que coziam no 'forno da espanha' já só o faziam quando o rei fazia anos, coisa que também já não temos (felizmente) há muito tempo.
mas aquele forno, 'o forno', sempre terá uma mística única.
foi lá que tendi massa pela última vez.
foi lá que passei muitas horas em miudo a ver a arte de enfornar.
ali acompanhava a minha avó a dar aquele corte em cruz com o antebraço.
e a massa a crescer em volta como se a cruz impedisse o crescimento.

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este fim de semana comi a minha primeira broa do novo forno.
com espaço, duas bocas, bancada de apoio, pás de aço.
achei a broa diferente. mais dura por fora, mais crua por dentro.
as mãos que a fizeram eram as mesmas da última vez.
não terão ainda apanhado a mão ao forno?
esperemos que seja só isso.
perca-se a mística, fique, ao menos, o sabor.
e a funcionalidade.

3 comentários:

  1. Um belo texto a desfazer-se em ternura e cheiro a pão fresco, um findar de Domingo de Páscoa que lhe agrada, mais ainda se pudess dar uma trinca naquelas broas, uma azeitoninha, um queijinho e que bela companhia, com tora, faria num caldo verde...
    Um abraço

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  2. Podes congelar umas e trazer e OFERECER! :)

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  3. as bolas (aquelas com 'mau' aspecto) são de bacalhau e de carne.
    para mim, que sou do tempo em que esses luxos eram mesmo luxos, gosto é das bolas de cebola. mas agora só se fazem a pedido e nunca vou a tempo.

    quanto às broas , eu até podia congelar...
    mas teriam vocês que vir cá comer.
    parece-me mais fácil que eu ir a lisboa....

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