26 de abril de 2009
E HOJE É DOMINGO
"Dificuldade de governar"
1
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.
2
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.
3
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.
4
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?
Poema de Bertold Brecht
Excelente post, Gin-Tonic.
ResponderEliminarRelativamente ao 4,
Às vezes, parece-me que "Há gente que já nasceu ensinada", "É-lhes tão natural como beber um copo de água". Observo-lhes o conforto, de que nem se tem esforçar muito, para assim proceder.
O quanto ele gostaria de ter talento para fazer um "post" destes, Rosarinho, mas o seu medócre português não chega a tanto...Hélas!
ResponderEliminarAs palavras são do Sr. Bertold Brecht e ele apenas as escolheu para as colocar aqui.
Um qualquer lapso, dos muitos que tem, apesar da publicação da capa do livro, apesar da etiqueta a remeter para Bertold Brecht, no fundo do texto deveria lá estar "Poema de Bertold Brecht". Mais uma vez terá que recorrer à paciência infinita da T. para que coloque as coisas no seu devido lugar.
E já que é domingo, que ele seja um bom domingo.
Uma abraço
Eu sei, Gin-Tonic,
ResponderEliminarSou muito "aluada", muito distraída, e mesmo assim percebi que era uma colagem, MAS quem reuniu, quem seleccionou estas palavrinhas (de empréstimo... por espelharem algo que sente...) e quem as postou aqui foi o Grande Gin?
É preciso ter muita sensibilidade e um "olhar muito pensante", para postar aqui coisas, como eu tenho lido...
Há posts seus que me tocam fundo! Muito fundo!
Um abraço e Bom Domingo!
Já tá:)
ResponderEliminarAgora é a minha vez de referir que muito tenho pensado em Brecht e postagens (também já me tinha lembrado de Mia Couto que já vi há dias referido num posto do gin). Os escritores marcantes reunem alguns consensos neste espaço:)
ResponderEliminarOlhe qua as palavras que ele colocou em comentário não se referiam a si, Rosarinho, tão só eram dirigidas a ele próprio por ter omitido o nome do Brecht no fim do poema. Não é um picuinhas mas gosta do rigor.
ResponderEliminarE brigado pelas amáveis palavras, Rosarinho.
Obrigado T. pela rápida correcção da omissão do Bertold Brecht e pela infinita paciêmcia
ResponderEliminarÉ gratificante saber que o nosso trabalho está protegido.
Teresa: deverá existir alguma diferença nas idades que transportamos, mas, aparentemente, os mestres foram os mesmos, ou andam perto.
ResponderEliminarUm abraço