(coresepalavras.blogspot.com)
Havemos de voltarÀs casas, às nossas lavras
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar
Às nossas terras
vermelhas do café
brancas do algodão
verdes dos milharais
havemos de voltar
Às nossas minas de diamantes
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar
Aos nossos rios, nossos lagos
às montanhas, às florestas
havemos de voltar
À frescura da mulemba
às nossas tradições
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar
À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval
havemos de voltar
À bela pátria angolana
nossa terra, nossa mãe
havemos de voltar
Havemos de voltar
À Angola libertada
Angola independente
Agostinho Neto,
Sagrada Esperança, (cadeia do Aljube, Outubro de 1960)
Querida Sis,
ResponderEliminarEste poema, "Havemos de voltar", este grito (tão dorido) no silêncio, remeteu-me de novo para a letra da cantiga tradicional irlandesa "Galway Bay" (uma das minhas favoritas!), onde há alusões à "Potato famine", à emigração em massa (dos que conseguiram perceber, a tempo, que seria a única forma de sobreviver), à esmagadora ocupação inglesa, enfim, à opressão desumana de todo um povo (perante a indiferença do mundo).
A esperança do "havemos de voltar" ao local idílico (mesmo que seja apenas idealizado) não morre nunca na alma dos poetas, "daqueles que vêm mais alto"... (Alguns sonham à noite, quando dormem, os poetas nutrem sonhos de dia, acordados...)
De cada vez que oiço "Galway Bay" ou releio a letra, comovo-me invariavelmente nesta quadra, de quem foi forçado a ir procurar pão além mar:
"And if there is going to be a life hereafter,
And somehow I am sure there's going to be,
I shall ask my God to let me make my heaven
In that dear land across the Irish Sea."
"A esperança de que mesmo que não possa lá voltar em vida hei-de lá voltar quando morrer, mas hei-de lá voltar", deixa-me "speechless" tal é assombro, a ousadia...
Também me comovi profundamente com este poema que citaste.
Lindo!
Tks, também gostei muito do teu comentário:)
ResponderEliminarQuanto ao poema de Agostinho Neto, tentei postá-lo com a capa do livro, mas não gostei do efeito:(
(a capa não é muito apelativa do ponto de vista estético ou, como diria a mais nova cá de casa quando apanhou uma pequena descarga :não tem "electricidade estética")
Lindissimo poema, Teresa. A capa do livro, uma bonita capa a que foi publicada pela União dos Escritores Angolanos, estava em breve para aparecer com este poema a acompanhar. A capa sairá na mesma e com outro poema porque poemas bonitos não faltam neste livro.
ResponderEliminartambém tenho esse livro, da colecção imbondeiro. capa castanho claro com o desenho da árvore...
ResponderEliminarO livro é muito significativo, revelando toda a sensibilidade do poeta. Tenho muitas edições da união de escritores angolanos, dado o seu distribuidor em Luanda me reservar amavelmente alguns exemplares quando por lá vivi em inícios de 80. Acontece que a minha edição foi adquirida anteriormente ao "serviço militar" (como lhe chamo). Foi adquirida em Lisboa e é a da Sá da Costa não sendo tão apelativa do ponto de vista estético.
ResponderEliminarChica,
ResponderEliminarMira que Verguenza!!!
Ó fax favor corrige aí:
"daqueles que vêem mais alto".
Quanto ao resto:
Ignorai a pontuação fora do "sítio" (sou muito desarrumada, mas boa pessoa, digo eu).
Tenho vergonha (ainda para mais não posso "abrigar-me" na desculpa de que aprendi a ler e a escrever com o fantático Magalhães!)
Ora corrige lá outra vez: "fantástico".
ResponderEliminarComigo, já sabes é assim mesmo:
"Each shot, each merle" (inglês técnico, que se traduz: cada tiro, cada melro).
... mas podes desculpar-te com o facto de teres frequentado os primeiros anos de escolaridade na "estranja" (penso eu "de que"):)
ResponderEliminarE já agora: estou de LSV (licença sem vencimento) "portantos", nada de pedir desculpas, considerando-me, por isso mesmo, desobrigada da marcação de incorrecções gramaticais, se até as detecto nos meus textos depois de os ter "lançado"!:(
(se pareço boquiaberta, foi porque passei cerca de 2h na cadeira da médica-dentista sem tréguas para descansar as articulações maxilares, não tem a ver com acentuações ou utilizações de grafemas, fonemas, sociolínguísticas etc e tal):)... e o teu Inglês Técnico é uma obra-prima (quiçá tia) da independente engenharia civil:):)