14 de março de 2009

Presidente

Faz ou fez por esta altura 3 anos que Cavaco Silva foi eleito Presidente da República.
Não votei nele mas achei que sendo eleito presidente ele nunca seria um ponta-de-lança do PSD, como muitos "PSDistas" quereriam ou desejariam.
Penso até que tem tentado ser imparcial e verdadeiramente presidente de todos.
Só há uma ou duas coisinhas em que lhe vejo atitudes um pouco estranhas.
Primeiro, quando visitou a Madeira, permitiu sem dizer palavra, que o PSD local impedisse uma sessão solene na Assembleia Regional dando como justificação tal sessão seria "dar uma péssima imagem da Madeira, porque mostrava ao Presidente o bando de loucos que está dentro da Assembleia Lisgislativa".
Cavaco Silva, perante esta polémica, apenas disse que o Presidente quando tinha coisas para dizer fazia-o em privado e não tinha de falar publicamente. Ora muito bem, uma opção sem dúvida legítima...

Alguns meses mais tarde, perante um estatuto dos Açores, que suscitou grandes polémicas, mas que levou ao voto favorável de todos os partidos na Assembleia da República, em todas as ocasiões, excepto na última votação onde o PSD se absteve ( uma espécie de envergonhado voto a favor), Cavaco Silva resolveu, em entrevistas em jornais, tecer comentários sobre o assunto, resolveu numa intervenção especial na RTP, falar sobre esse assunto. Entre outras coisas, disse que a democracia estava em perigo e que o regular relacionamento entre os órgãos de soberania estava afectado de forma profunda (mais palavra menos palavra). Ora muito bem, uma opção também sem dúvida legítima.
Só estranho e não entendi porque a diferença de atitude em dois casos aparentemente graves de relacionamento democrático entre órgãos de soberania. Talvez Cavaco Silva tivesse ficado com medo de ter sido expulso da ilha da Madeira interpretando o papel de Sr. Silva que lhe fora atribuído anos antes por Alberto João Jardim. Talvez Cavaco Silva tenha concordado com Jardim acerca da insanidade dos elementos da Assembleia Regional. Talvez Cavaco Silva desconhecesse até que na Madeira existisse tal coisa como uma Assembleia de que fazem parte deputados de todos os partidos e que foram eleitos democraticamente, tendo sido por isso apanhado de surpresa ao ser confrontado com a não realização de uma sessão solene num órgão inexistente. Talvez o privado da declaração o livrasse de uns quantos insultos públicos em que João Jardim é especialista. Ou talvez este pôr em causa de um regular funcionamento entre órgãos de soberania, este ditatorial ataque à democracia não tivesse sido importante por aí além.
Meses mais tarde e eis que o estatuto dos Açores provoca intenso terramoto na vida política portuguesa. Curiosamente, as opiniões de diversos especialistas sobre constitucionalidade dividiram-se de forma muito acentuada. O próprio presidente preferiu não enviar o diploma para o Tribunal Constitucional, o que seria normal, perante tantos problemas. No entanto, não se privou de proferir insinuações, ataques e acusações. Tendo até perdido o sorriso com sempre utilizou quando lhe era perguntada opinião sobre as polémicas na ilha da Madeira aquando da sua visita.
De resto, penso que tem sido um mandado normal, como se esperava, com vetos devidamente fundamentados, afastando assim a ideia de querer arranjar conflitos desnecessários. Chegando ao ponto de eu ter lido a semana passada nos escritos de alguém (não me recordo quem), que Cavaco preferiria uma nova maioria de Sócrates a um governo de Manuela e seus seguidores.

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