4 de março de 2009

e necrofilia barcelense e a metade do mundo

os homens vivem dominados geralmente por três sistemas de autoridade. quanto ás mulheres, além de estarem submetidas a esses três sistemas de autoridade, estão também dominadas pelos homens (a autoridade marital). estas 4 formas de autoridade - política, de clã, religiosa e marital - encarnam a ideologia e o sistema feudal-patriarcal no seu conjunto e são as 4 grossas chagas que mantêm amarrado o povo.
(mao tsé tung, citado de memória)

(eu sei que já desesperavam por ver uma citação do mao nesta casa...)

a necrofilia barcelense (e no geral em toda esta zona do país) é uma coisa a que jamais me irei habituar.
esta permanente publicitação dos mortos e a sua discussão generalizada é um assunto demasiado estranho para mim.
já aqui falei algumas vezes do assunto.
no entanto, nos últimos tempos reparei que muitas destas folhas a4 que publicitam a morte de mulheres as tratam como uma espécie de actor secundário, até na sua própria morte.



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a mulher que morre é noticiada como a viuva de fulano, com a indicação precisa da sua (dele) profissão em vida e idade na morte. ou até na condição mais extrema de 'viúva do saudoso' fulano de tal, como se ela não deixasse saudades nenhumas e devesse ter ido antes dele.
mesmo na morte a mulher não tem direito à sua autonomia pessoal.
é ainda o anexo de alguém.



3 comentários:

  1. A discriminação em sentido lato – não me refiro estritamente à das mulheres – assume formas múltiplas. Esta aqui postada (a da viúva do sr. Fulano) parece-me ser uma das mais inócuas, senão vejamos: num contexto provinciano onde as mulheres da geração da representada dependiam exclusivamente dos maridos (a comezinha sobrevivência), este tipo de divulgação na coluna da necrologia será aceite sem estranheza pelos(as) conterrâneos(as) da idade destas senhoras. Se alguma jovem for prematuramente levada deste “vale de lágrimas” e se já for viúva - cenário pouco comum mas não impossível - não constará certamente da coluna necrológica com rótulo idêntico.
    Estranho será ver um homem relativamente jovem (emigrante em França) e pai de um número já considerável de rebentos não aceitar que a mulher utilize a pílula como contraceptivo, alegando que a medida incentiva à infidelidade(?); estranho será ainda observar, na China, milhares de crianças do sexo feminino e com poucos meses de vida, abandonadas em instituições (que futuro lhes estará votado?). E os exemplos certamente que não se esgotam nos 2 para aqui trazidos (acompanhei em exclusivo na escola e durante 3 anos miúdos com famílias disfuncionais e sei do que falo). Penso que há alguns temas nos quais a generalidade dos cidadãos “pega com pinças” (ou até prefere não comentar), este será um deles. Como curiosidade sociológica, dei por mim a pensar que, há duas década atrás, todos entrariam empolgados numa discussão sobre um tema como este (mas isso sou eu que “falo pelos cotovelos” e dificilmente fico afónica).

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  2. Que a terra lhe seja leve. Paz à sua alma.

    Morgaine das fadas

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  3. Os meus pais ainda viajarem com UM passaporte....há 30 anos!

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