3 de março de 2009

COMEÇOS DE LIVROS


Começo de “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garrett:

“Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como São Petesburgo – entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até ao quintal.
Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões; pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica.”

5 comentários:

  1. Memórias uma vez mais. Lembranças importantes por mais um momento e não aquelas que alguns repetem à exaustão como fuga aos tempos actuais.
    O meu primeiro ano como professora no curso nocturno de uma escola secundária. Alunos muito mais velhos e entusiasmados com a leitura de Garrett (e posteriormente de Eça). Como é gratificante lembrar e pensar que o narrador estava cheio de razão! Os portugueses conseguirão pessimistas com este sol, este mar e estas paisagens? (é claro que não é tudo...)

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  2. Uma personalidade interessantíssima da nossa cultura, quer como escritor, homem de teatro, político. É sempre um prazer relê-lo. E a muita e muita gente, faria muito bem lê-lo.
    Coisas assim:
    “E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?”

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  3. ... e hoje tenho vontade de voltar a este livro... da altura em que o li por obrigação resta-me a lembraça desta "viagem à volta do quarto " e de santarém... ;)

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  4. Este livro traz-me várias memórias, as melhores, as que prefiro recordar, estão relacionadas c/o meu pai:)

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