18 de fevereiro de 2009

Não é sobre cinema, mas trata de fitas...

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1- Ainda não há muitos anos, valorizei a formação em “Prevenção de comportamentos de risco” organizada por dois jovens psicólogos.
Como nestas coisas prezo mais as ideias trocadas durante o cafezinho do que as palestras apresentadas em bafientos auditórios, fiquei impressionada quando me apercebi de que os dois jovens tinham como principal missão educar crianças para que não servissem de correio de droga em guetos – que a classe política não volte a salientar a inexistência desses espaços sob o risco de me constituir, num destes dias, mentora de um movimento para reabilitação do coelhinho da Páscoa.
2 – E como “não há coincidências”, poucos dias após o evento, esbarrei com um artigo de jornal sobre um destes pardieiros tristes, situado algures entre Benfica e a Damaia.
Retive da reportagem a referência a ruas tão estreitas que impossibilitavam a entrada das autoridades nas exíguas habitações. O texto referia ainda que um pesado – no sentido literal – agente da autoridade, ao subir a um telhado do bairro, tinha partido as telhas e caído sobre a mesa onde se amontoavam os pacotinhos, nunca mais tendo sido encarado enquanto figura idónea por lhe terem passado a aplicar a alcunha de “toucinho do céu”.
3 – Há tempos, saída de um dos cafés da aldeia a poucos quilómetros de casa, reparei que um jovem espreitava para debaixo do meu carro. Pensando que tinha perdido algo, nem pude acreditar quando o vi entrar e sentar-se no banco ao lado do meu. Não me exaltei e decidi conduzir até à estação de serviço mais próxima. Durante os 2 Km de trajecto foi pedindo cigarros, dinheiro e como lhe ia dizendo calmamente “não tenho”, acabou por me pedir um boneco que pertencia à minha filha e uma boleia até à praia. Parei na bomba de gasolina pedindo-lhe que saísse, pois tinha de ir trabalhar. Como não aspiro a Joana d’Arc, já tinha engatilhado o plano – pedir ao funcionário do local que o retirasse do carro, o que acabou por não se revelar necessário.
4 – Os jovens da escola frequentada pela minha descendente mais nova são frequentemente incomodados por bandos de cerca de duas dezenas de miúdos, vindos de outra localidade – considero a escola exemplar a todos os níveis – que, na estação de comboio, aproveitam para irem acumulando uns MP3, telemóveis e alguns trocos por vezes a troco de uma não eufemística violência física. A miúda dizia-me que havia códigos, que as raparigas (damas) não eram assaltadas, mas há dias lá ficou sem passe, o que sempre traz um acréscimo de burocracias e de despesas.
5 – Há dias, na estação com uma amiga, verifiquei que um trio se colava a nós. Traziam num saco transparente três telemóveis, o que considerámos curioso, lá consegui improvisar no momento uma conversa ficcionada, tendo arranjando pretexto para voltar para a zona das bilheteiras, esta bastante frequentada. Lá “desarmaram”, tendo feito um ar atrapalhado de quem é quase apanhado em flagrante. Mais tarde e já em casa acabei por sorrir … é que se me tivessem ficado com o telemóvel, ainda acabavam por me dizer: “Tché! Fica com o cartão e a gente vende-te um melhor por 10 euros!”.
Já fiz a minha opção auxiliada por um guião de Almodovar: vou copiar a protagonista do filme “Tudo Sobre a Minha Mãe” e passar a trazer um calhau dentro da mala junto com os pertences pessoais… e eu que nos tempos de estudante até conseguia tirar os colegas do sério por ser uma convicta adepta de Ghandi…

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