31 de julho de 2007

O Passeio Público

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Apetecia refrescar aqui. Arvoredo e água solicitam-se com urgência.

Passeio Público em Lisboa, Litografia de Anunciação, Panorama 1943

criatividade lusa

esta foto roubada ali ao lado,

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mostra a criatividade lusa a resolver o problema dos locais de trabalho temporários construídos sem preocupações de contenção da luz natural.

O cinema está de luto

Anteontem morre Ingmar Bergman, ontem é a vez de Antonioni.
Revi Michelangelo Antonioni há pouco tempo, depois de me ter deliciado com o grande documentário de Scorsese "Viagem a Itália". O encanto que senti foi ainda maior que o da primeira vez. Talvez porque agora entenda o que antes intuía apenas. Este foi um dos filmes da minha vida, como diria Bénard da Costa: L ´avventura.
Mais outro ciclo que se quebra: o do grande cinema europeu. Estamos a ficar velhos.

Mais gíria lisboeta

" Localidades
Lisboa: Mata grande, lísbia, Lísbia amada
Porto: Mata das tripas, Drofo, Nortada
Coimbra: Mata linda
Alentejo: Alente
Estrada: esteira

Localidade que só existem na gíria mas que se usam muito os seus nomes
Alguidares de Baixo
Cafeteiras de Bico
São Filipe de Rosca
Carvalho de Espada ao Ombro

Roupas
Fato: arranjinho, fardilha, verga
Calças: galdras, galdrinas, mimosas, tiras
Colete: estreito, justo, filo, Sobretudo: bata, bibe, tapamisérias
Chapéu de homem: penante
Chapéu de senhora: quico, jardim, gaiola
Outros:
A pessoa que procura sempre os seus interesses: Tu o que queres é lulas
E por fim
Frases duma peixeira a quem não agradou a oferta ao seu peixe ou não recebeu bem uma graça ou madrigal:
Ist´o é que vai um ano...
Ai o qu´a gente vê
Ai o que m ´aparece
Ist´é que são fitas
Toc´andar , pontapé na alcofa

E se pára muita gente a assistir:
Mãos nas ancas e Pariu aqui a galega? Andor... "

Alfredo Augusto Lopes,Comunicação sobre o a gíria lisboeta , Boletim Olisipo, do Grupo dos Amigos de Lisboa, 1952.

Marcha de São Vicente 2007

Em honra da querida Morgaine, a marchadora mais linda e simpática das Festas de Lisboa!
Viva a Marcha de S. Vicente!

30 de julho de 2007

estou de férias:)

Durante quinze dias não vou pensar em mais nada senão em descansar e conviver com os meus amigos.
Chamem-me adolescente tardia ou o diabo a quatro mas nada me enche mais as medidas que estes quinze dias passados com a minha “família italiana”. Muita discussão, muita diversão, muitos jogos de Uno ao fim da tarde.
Sim, quem me tira estes dias na Zambujeira (e não é por causa do festival) tira-me anos de vida, sim, porque eles funcionam como um verdadeiro tónico.
Agora vou continuar na saga de alimentar de música o meu leitor de mp3 e de pesquisar umas receitas na net. Será que por “comida para muita gente” no google vai dar alguma receita de jeito?


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Que não falte roupa nem chapéus!


Este catálogo é bem mais moderno, não é?
1910. E que belas tampas de açucareiro se apresentam ao dilecto leitor.
Clicar na imagem para ampliar
.

Era uma vez

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Uma casa a caminho do restaurante que serve um dos melhores cozidos à portuguesa de Lisboa.
É na zona Ocidental. Alguém reconhece?

Mezinhas: 2

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O Dr Mialhe parece-me uma maravilha:)

depois de vários dias a olhar para as paredes e o tecto...

esta é a vista da piscina de fajão.
ao fim de vários dias a olhar para as paredes e tectos, mereci bem este banho refrescante.

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29 de julho de 2007

Quatro anos que voaram

Desta vez fui confirmar . O Dias faz hoje 4 anos. O primeiro texto é de 29 de Julho de 2003. Era tipo 1,2, 3 experiência. Depois tudo o que é normal se lhe seguiu: o intimismo, a historieta, os youtube, as imagens, as zangas ou discussões à volta de questões ou de pessoas, a constituição de um núcleo duro. Esse sobreviveu a ventos e temprestades e é quem continua a assegurar este espaço, quase sempre em discordância amigável e com uns almoços e jantares a amenizarem a vida.
Tenho a sorte de ter conhecido outra novas pessoas através deste blogue. Que são bons amigos. Uns colaboram aqui escrevendo , outros colaboram comentando. Mas permanecem as saudades de outros, que deixaram de estar aqui por razões várias.
(pausa para recados)

Estava a esquecer-me:
1- Z vou tentar escrever e que escrevam mais sobre comidinha. Não resmungues mais comigo lá pelos Msn:)
2-Recebi um e-mail da Miosótis a agradecer a divulgação que fizemos desta excelente loja de produtos biológicos. Segundo contam, apareceram lá leitores aqui do blogue. Ainda bem.
(fim de pausa)

Parabéns a todos os que por aqui andam. Escreventes, amanuenses e comentadores, não esquecendo a recepcionista (essa sou eu)!
Haverá mais anos e mais dias. Disso tenho a certeza. Um beijo!

Que estádio é este?

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Tanto espaço e parece tão grande e novo.. Cabiam lá 50.000 pessoas. E à volta do campo, o campo.

O remédio milagroso

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O remédio milagroso. Antepassado da aspirina? Provavelmente. Mas isso o ABS deve saber melhor dizê-lo.

Confie

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Não se se estão lembrados do conto infantil dos anõezinhos da Tia Verde de Água. Seria assim o nome da senhora? Nessa alegoria, os anõezinhos eram os nossos dedos e só graças a ele trabalhavámos e sacudíamos a preguiça.
Mas eu não desgosto desta arrumação alheia do frigorífico e quem me dera ter cá esses hóspedes de gorro. cheios de actividade a fazê-la.
Este interior aliás é admirável, a zona dos frescos é imensa mas o congelador parece um cofrezinho: era mesmo só para o gelo. Mas nessa época todos os dias se faziam compras. Calor não está?

28 de julho de 2007

A Marginal

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Esventro impiedosamente a Panorama, para retirar os destruidores agrafos ferrugentos. Estou a gerar um puzzle de folhas de revistas dispersas. Mas não faz mal, assim posso abri-las e digitalizá-las como deve ser. Numa mesma revista enconto vários tipos de papéis diferentes. Esta era uma edição de propaganda e como tal investia-se claramente na qualidade. Antes assim.
De qualquer forma é flagrande a diferença entre a primeira fotografia e o outro conjunto.
É outra visão da Marginal: romântica e para turismo.
Gosto do peão solitário e com chapéu. O açucareiro tem tampa neste caso.



Fotografias de Horácio Nunes, 1941



Clicar na imagem para ampliar.

Os telhados de Lisboa

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"Nunca gostei de andar na rua sem chapéu. E como tenho para mim que gostos se discutem, discuto o gosto de quem o faz.
Um homem que anda na rua sem chapéu lembra-me sempre um açucareiro sem tampa (...)
Ora como os telhados são os chapéus das casas, condeno a moda arquitectónica de os esconder «, por desumana e imprópria. E ouso mesmo dizer (aqui muito para nós) que o arquitecto de hoje recorre à escamoteação sistemática dos telhados por ter perdido o segredo de bem proporcionar as suas abas protectoras com as dimensões da fachada.
Peçam a uma criança que desenhe uma casa. Começa sempre por rabiscar o telhado!
Uma casa sem telhado é uma casa sem conforto exterior. É a ausência de telhado o que torna uma ruína verdadeiramente desoladora."
António Lopes Ribeiro, 1942
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Para o caro Réprobo ter mais escolha de adereços:)

A corrente dos blogues editáveis

Nomeou-nos a querida amiga Marta para indicarmos 10 blogues que gostássemos de ver editados em livro. Eu vou indicar os que acho, mas quem quiser apresente a sua lista, embora me cheire que ande tudo a banhos, a passear-se pelo Brasil e quejandos.
Enfim, aqui vão:
Bic Laranja é certo e sabido. Daria um óptimo livro. Quem não conhece ainda faz bem em lê-lo.
A Demanda do dragão é um blogue que considero notável. Completamente editável.
Gasolim que encaixaria no formato livro, como uma luva. Grande qualidade de escrita e fotografia com temas envolventes e originais.
As afinidades efectivas é outro blogue que me apeteceria encadernar e guardar para ler enrolada no edredon. Gosto da escrita viva do Réprobo e da sua versatilidade.
A Editora Afrodite mereceria sem dúvida outro lugar na estante. Pesquisa, empenho e um grande mérito na divulgação cuidada da obra de Fernando Ribeiro de Mello.
O 9-9 é um blogue muito interessante, inteligente e novo. Aprendo sempre com o Hugo. Dava um rico livro de crónicas, estou já a imaginar-lhe a capa.
O Blogue da sobrinha de Coimbra seria também uma excelente colectânea de textos e de imagens.Pena é que ela não exerça mais o acto de escrever, porque o faz de forma preciosa e tem aquele raro dom de fazer música das palavras. Se o fizesse daria um maravilhoso volume de poesia, estou a vê-lo editado pela Assírio. Força Maria!
Xobineski Patruska: um dos espaços que me faz mais falta na blogosfera. Dava um rico livro, ah pois dava. Eu quereria o meu autografado com um grande xi-coração.
O Blogame Mucho é outro blog preferido de alguns postadores aqui do Dias. Boa escrita, bons temas, precisão nos assuntos.
Por último o blogue da nossa amiga Marta : de certeza que faríamos uma grande festa no lançamento do livro. Ela merece.E nós também.
E é tudo.

26 de julho de 2007

O Festival Credial Português

Post muito dedicado ao VV, o intelectual que eu conheço que mais tem em gosto a música popular!(sabe as letras e tudo)
É anunciado como o primeiro grande festival que reune os grandes nomes da dita música portuguesa, pimba para alguns e popular para outros: Emanuel, Tony Carreira,Mónica Sintra,Ruth Marlene,Mickael Carreira,José Alberto Reis,Romana, Quim Roscas e Zeca Estacionâncio,Ana Malhoa e Toy.
Cheira-me que vai ser um sucesso!
Em Ponte de Lima, nos dias 10, 11 e 12 de Agosto.
Ver mais aqui
Na foto: Ruth Marlene e Ana Malhoa

Um presente


Para todos aqueles que como eu gostam de vasculhar o passado.
Uma muito interessante iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e cito:

ANAIS DAS BIBLIOTECAS, ARQUIVO E MUSEUS MUNICIPAIS (1931-1936)
Com a colocação em linha dos Anais das bibliotecas, arquivo e museus municipais, revista trimestral publicada pela CML de 1931 a 1936, a Hemeroteca Municipal dá um passo importante na digitalização do seu fundo local, preservando-o e, ao mesmo tempo, “globalizando” o seu acesso,
aqui. Dirigidos por Joaquim Leitão, então Inspector das Bibliotecas, Arquivo e Museus Municipais de Lisboa, os Anais, com 21 números editados, constituem uma das mais importantes fontes de informação sobre a história e a vida destes equipamentos, tendo, como colaboradores, Augusto Vieira da Silva e Gustavo Matos Sequeira, reputados olisipógrafos, ou investigadores de renome, como Albino Forjaz de Sampaio, Fidelino de Figueiredo, Júlio Dantas, Laranjo Coelho, Luís de Freitas Branco, Mosés Bensabat Amzalak, Reinaldo dos Santos, entre muitos outros. Os Anais, propunham-se tratar “assuntos de pré-história, história e actualidade olisiponense ilustrada”, dar notícia dos “progressos urbanos da capital”, registar as “entradas de espécies nas Bibliotecas Municipais, (…) nos nossos Museus”, publicar “monografias, biografias de vultos municipais históricos, conferências (…), tudo quanto possa sugerir e comprovar actividade material e mental”. Para saber mais sobre a história desta revista clique aqui."

O Hotel Aviz

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O Hotel Aviz foi durante décadas ,(de 1930 a 60) o local onde se alojavam os famosos da época. Um dos seus hóspedes permanentes mais conhecido foi Calouste Gulbenkian. Maria Callas ficou lá alojada. Era um hotel de requinte e de charme.

Recordá-lo quando ainda era o palacete Silva Graça (1908)

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Quando era já o Aviz em 1931

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Demolido, dá lugar ao mamarracho Sheraton.
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Ou de como os fazedores da cidade, em nome do progresso e da civilização, substituem o belo pelo horrendo.

25 de julho de 2007

O bom gosto e ler Jerome

Nunca me esqueci de uma frase de um livro de Jerome K. Jerome, Três ingleses num barco, que dizia mais ou menos isto: qualquer objecto desinteressante e feio com o tempo ganha uma patine de antiguidade e de valor acrescentado. Jerome exemplificava com um feio boneco de faiança da sua senhoria ( salvo erro um cão sorridente), que dali a umas gerações seria disputado avidamente como uma preciosidade a coleccionar.
Quando vou a qualquer feira lembro-me deste conceito e sorrio, quer por ver as actualidades e projectar como será daqui a 100 anos, como ao constatar o mau que é que já nos é apresentado como artigo de valor . Mas adiante. Nas nossas feiras de antiguidades ainda não sabem distinguir entre peças só velhas e peças interessantes.
Ao folhear a Panorama descubro um artigo de Raul Lino sobre a Casa Portuguesa. Ilustra com estas fotografias, o exemplo do que ele considera ser arquitectura de mau gosto contrapostas ao puro estilo da casa portuguesa.
Retenho, porque se aplica de novo a ideia de Jerome: com o tempo afeiçoámo-nos a estes rendilhados e elementos góticos e preferimo-los à espécimes actuais feios e mastondônticos que se tornaram os nossos edifícios.
Nostálgica? Nem por isso. Mas aconselho a quem não leu Jerome o vá comprar a correr. Encontra quer no alfarrabista, quer na livraria, porque foi reeditado recentemente pela Cotovia. São livros para ler, reler e sorrir bastante. Dizem que rir faz bem ao fígado, pratiquem.

Clicar na imagem para a ver como deve ser.



24 de julho de 2007

SineS

começou no sábado passado & prolonga-se até ao próximo sábado. é o Festival Músicas do Mundo em Sines!



5ª lá estarei para ver os Tartit.



uma breve descrição:

«A música hipnótica de um extraordinário matriarcado do deserto.

Quando uma mulher tuaregue Kel Tamashek gosta de um homem, pede-lhe a mão em casamento. Quando deixa de gostar, divorcia-se dele e organiza uma festa. Um atípico matriarcado na África de influência árabe, a sociedade de onde provêm os Tartit tem uma história de resistência. Dividida por vários países (Argélia, Líbia, Níger, Mali e Burkina Faso) na sequência das independências africanas, revoltou-se em 1963 e 1991 na defesa do meu modo de vida nómada. Da última revolta resultou a fuga para campos de refugiados, num dos quais os Tartit (“união”) nasceram, em 1995. Composto por cinco mulheres e quatro homens originários da região de Timbuktu (Mali), o grupo produz uma música de ritmos circulares e inebriantes: as mulheres cantam em coro, ululam, batem palmas e tocam o tambor “tinde”; os homens tocam “imzad” (violino de uma corda), “tehardent” (espécie de alaúde) e guitarra. Com o terceiro disco acabado de lançar - “Abacabok”, disco africano de 2006 para a revista Rolling Stone -, cantos de amor e desamor, do desejo de voltar a casa, por um dos mais tocantes grupos africanos actuais.

Fadimata Walett Oumar, voz e tambor “tinde”
Walett Oumar Zeinabou, voz e tambor “tinde”
Mama Walett Amoumine, voz e tambor “tinde”
Fadimata W. Mohamedun (Fatma), voz e tambor “tinde”
Tafa Al Hosseini, voz e “imzad”
Amanou, alaúde “tehardent” (3 cordas), vocals
Ag Mohamed Idwal, alaúde “tehardent” (4 cordas)
Mossa Ag Mohamed, voz
Mohamed Issa ag Oumar, guitarra eléctrica principal e voz»

descrição retirada, sem permissão, de aqui!

é no dia 26 Julho 2007, no Castelo pelas 23h00.

A NÃO PERDER!

Notas do Rio: A Rocinha

A imagem que nos chega das favelas é invariavelmente de uma espécie de Texas em versão cobóis pós-modernos: gangues aos tiros, droga, desgraça total.

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E, contudo, a realidade é muito mais interessante que estas meias ficções. Sim, há guerras entre gangues, e incursões da polícia, e uma ou outra bala perdida que, muito raramente, faz uma vítima inocente. Coisas que aos nossos olhos assépticos, urbana e impecavelmente europeus, de fato, tailleur ou pólo de marca, causam medo e um reflexo de fuga. Só que reduzir as favelas a esta caricatura de filme série B, mais que redutor, é um erro grave de avaliação.

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A Rocinha é alegadamente a maior favela do planeta – são, pelas estimativas locais, cento e cinquenta mil almas que se esmifram no dia a dia para prosseguir com a sua vida. O que é verdadeiramente extraordinária é a metamorfose que, lentamente, se está a verificar na Rocinha. De um amontoado anárquico de barracas está a desenvolver-se uma estrutura social coerente que, continuando a ser a última saída dos muito pobres, demonstra que o ser humano arranja sempre uma maneira de dar a volta por cima. E os sinais de evolução, discretos mas seguros, aí estão. O pequeno comércio fervilha. Há empresas organizadas dentro da Rocinha, nomeadamente de moto-táxis – o sítio é incrivelmente empinado e as ruas são estreitas, pelo que a mota é o meio de transporte por excelência. Há bancos importantes, como o Bradesco ou o Itau, que abriram delegações dentro da Rocinha. Existe o equivalente das nossas Lojas do Cidadão. Cadeias de frutarias que se encontram nos melhores bairros do Rio abriram lá lojas. E, muito importante, muitos habitantes que, anteriormente, quando davam o endereço diziam morar na Gávea ou em S. Conrado, os dois bairros limítrofes de nível social elevado, hoje dizem sem problemas (e até com algum orgulho) que moram na Rocinha.

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Não, este não é um post do turista que vai lavar a alma em auto-complacência sobre a miséria alheia e regressa feliz à civilização. É a percepção de que algo está a acontecer naquele lugar, não sei se uma estrutura nova, se a rampa de lançamento de um modelo diferente de organização da sociedade. Claro que no fim este fenómeno poderá não dar em nada e apagar-se, à medida que a sociedade brasileira evoluir em termos de bem estar social. A verdade é que o esforço de sobrevivência sobre-humano aliado ao optimismo daquelas gentes me faz pressentir que o futuro passa por ali.

Tamara de Lempicka

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Não foi nada fácil encontrar um anúncio publicitário que celebrasse uma realização feminina, mas com o comentário precioso da Marta, cheguei lá.
Este anúncio da Van Cleef et Arpels tem como base um quadro de Tamara de Lempicka, uma das melhores artistas do período deco.

Mas quem vende o quê afinal? Eu seria compradora do quadro. Sem colar.
Logo, ganha a Tamira.

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Erva

Fantástica a série Erva (Weeds)
que estreou ontem na RTP 2. Este é um verdadeiro serviço de qualidade, que a televisão pública nos presta actualmente.
Erva contar a história de Agrestic, um paradisíaco bairro de L. A , em que aquilo que parece decididamente não o é.
Grandes interpretações, um argumento irónico inteligente e mordaz, que nos cola ao sofá para ver o que acontece.
Uma das protagonistas é Nancy Botwin, interpretada por Mary- Louise Parker, a viúva que decide vender erva para manter o seu elevado nível de vida e os seus dois filhos.
Eu porém fiquei com um fraquinho pela loira e decididamente má e vingativa Celia Hodes, a presidente da Associação de Pais de Agrestic, interpretada pela maravilhosa Elizabeth Perkins. A cena da vingança, pela facada conjugal do marido com a professora de ténis, é antológica e ainda me estou a sorrir quando relembro os pormenores. Adoro a parte em que ela confraterniza com a amante do marido( afinal ambas gostam de beber e a professora é uma óptima ouvinte) ...
É uma série a não perder decididamente! E parabéns à Dois pela excelente programação
.

Arte na publicidade

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Ainda às voltas com o desafio de mostrar uma imagem publicitária baseada numa realização feminina, tarefa nada fácil , estou tipo Capitão Haddock a rosnar mille millions de mille sabords e dou de caras com este site .

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As obras de arte incorporadas na sociedade de consumo: Trocar a maçã pelo café, vestir os friorentos com Levi´s, dar de beber a quem tem sede e a roupa lavada e corada ao sol fica melhor com Persil.
Estupendo trabalho gráfico.

Até parece de dia!


Para tanta utilização, toca a iluminar o país. Em resposta ao caro amigo Réprobo

Panorama, 1942,
Clicar nas imagens para visualizar.