27 de abril de 2007

O mal cozinhado

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A ler o Roby do Amorim, descubro o que foi o célebre Mal Cozinhado:
“um labirinto de sujas, imundas tabernas, montadas em toscas cabanas de madeira, mal cobertas de colmo. Pegajosas de fumo e de azeite”. Panorama apetitoso, está visto.
Este complexo de restauração permaneceu vivo entre o século 16 ao 19.
Situava-se atrás dos Paços Reais, entre o Terreiro do Paço actual e o Cais do Sodré. Os clientes eram a gente pobre de Lisboa, muitos operários ligados à construção naval. Estas tascas não tinham mesas nem cadeiras e o petisco era peixe frito.O vinho? Ia-se buscar à Rua Cata-que Farás e o pão vinha de casa. Quem assava o peixe, sobretudo sardinhas, eram negros e negras azafamados e esbraseados, pois pudera.
Quase que apetece fazer uma viagem no tempo e ir espiolhar não é? Imagino os comensais assim, como nesta foto de Benoliel. Bigodudos e mal encarados.

Engraçado, em googlando, aparecem imensos restaurantes com este nome. A memória colectiva é uma coisa extraordinária.

Roby Amorim, Para uma história da alimentação em Portugal, Edições Salamandra)

Foto de Joshua Benoliel

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