2 de fevereiro de 2007

Uma outra pergunta

Quanto em valores éticos estará uma sociedade disposta a renunciar em favor da solução de um grande problema social?

Foi uma pergunta feita nos EUA, por volta de 1970, aquando da despenalização do aborto. Já aqui a referi - em 2003... - e continuo sem ter uma boa resposta. E acho que é nessa resposta que reside a solução do dilema [reportando-me ao plano colectivo, não ao individual].

É claro que o Carlos vai dizer que isto é apenas retórica - conversas de café ou desconversar de sofá - e o que importa é saber [apenas] se queremos ou não penalizar as mulheres que abortam. A Isa e o André nem vão querer saber da pergunta... ou sempre souberam a resposta [sem contradições, evidentemente!].

Mas, como também já disse, não pretendo convencer ninguém a não ser a mim mesmo. E é só por isso que aqui escrevo, para me obrigar a ler [e a pensar] sempre que cá venho... Confesso que já tentei guardar apontamentos no bloco-notas mas acabo sempre por perdê-los. Por isso peço-vos desculpa... e paciência!

Amanhã, para variar, vou escrever sobre outra coisa qualquer. Sobre o aquecimento global, talvez!

2 comentários:

  1. Aqui é o local para falar do que nos dá prazer e do que nos inquieta.
    Francamente estou a ficar farta do tema aborto: a campanha parece-me mais a feira do relógio e achincalha o tema, que merecia ser discutido com dignidade e seriedade. E ser legislado na AR e não referendado.(como tb li num post que a Ni me enviou).
    Mais uma vez reitero: os partidos pseudo esquerditas portugueses não têm tomates. Infelizmente.
    Aquecimento Global parece-me bem.

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  2. gostava que os americanos tivessem respondido a essa pergunta quando questionados sobre a pena de morte.
    gostava que em 1970, em 75, em 80, em 90, em 2000 os americanos tão preocupados com o feto, se preocupassem com a pena de morte.

    eu não vou dizer que é retórica.
    também acho (eu tenho a mania de achar coisa, à falta de achar dinheiro sempre devemos achar achar coisa) que tu, aqui, colocas mais as tuas dúvidas que que o interesse em convencer alguém.
    tu, como nós.
    neste reduzidíssimo 'forum' já tomos estamos convencidos.
    ninguém aqui vai mudar de opinião seja pelo que tu dizes, seja pelo que eu digo.
    mas tal como eu gosto de estudar a história das religiões, sendo ateu e, sendo ateu, jamais procurei convencer algúém (ok, na adolescência comcerteza que sim) da certeza das minhas convicções, o que está aqui em causa, sempre, é dar conta do que nos preocupa e nos alegra ou nos é indiferente.
    para mim há nesta questão do aborto duas classes de problemas:
    1. o referendo do dia 11 de fevereiro e a consequência da naturaze do resultado final.
    2. o aborto

    para mim são coisas diametralmente opostas (por estranho que pareça).
    no dia 11, vamos realmente apenas votar se as mulher, os parceiros e os clíicos vão ser ou não julgados, ser ou não condenados, ser ou não presos.

    mas, obviamente, a questão do aborto e da recorr~encia a ele não é essa.
    nem se altera a quantidade, nem se alteram as condições que a ele levam em função da natureza do voto.

    podemos, e devemos, discutir porque as mulheres abortam.
    se pela educação (ou falta dela), se pelas condições económicas, se pelas condicionantes sociais (especialmente no caso das menores), se por carreira ou por qualquer uma das razões j´+a comtempladas na actual lei.
    mas essa é uma questão que não está em discussão agora,.
    a pergunta é extensa, mas não está la nada disso na pergunta.

    e respondendo, finalmente à questão por ti colocada, não acho que estejamos a abdicar de coisa nenhuma com a despenalização do aborto.

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