7 de fevereiro de 2007

As vendedoras de flores








Tenho um grande fascínio por tudo o que seja venda na rua e mesmo na praça (e até em qualquer lugar, como se queixam os amigos). Em pequenita acompanhava a minha mãe às compras e era para mim um verdadeiro prodígio aquela transacção de tostões e de escudos, as mãos marcadas pelo trabalho do campo e os sacos à cintura das moedas das vendedoras . Passávamos sempre pelos verdes, é claro. Em minha casa era-se adepto de flores simples, muito género Raul Lino, mas a minha avó embelezava-as como ninguém.
Como me entristece ver flores murchas e secas, optei por ter em casa plantas em flor (nalgumas épocas mais, noutras menos). Mas vou saír de casa e voltar para rua, porque quero é falar das vendedoras de flores em Lisboa.
Nos Santos vendem manjericos, no dia da Espiga os raminhos do dia, no Natal aquelas plantas vermelhas de que nunca sei o nome, durante todo o ano situam-se nas cercanias dos cemitérios e prosperam nos Finados.
Aqui ao pé de mim, na Morais Soares há uma série de floristas instaladas na rua, por razões óbvias. O trato delas é sempre o mesmo: ó menina, ó freguesa, ó minha linda, ó querida, com inflexões que se diversificam conforme querem persuadir e quase sempre um bem-haja , Deus lhe dê saúde, foi a minha freguesa do dia e outras frases simpáticas. Sempre muito agasalhadas, com a mantinha de lã nas costas, a tomarem um café fumegante de vez em quando. Agora confraternizam com os vendedores de DVDS, vulgo os vizinhos (eles tratam-me por vizinha).
Não sei porquê, sempre me fez sentido comprar flores na rua ou na praça. As de loja cheiram-me a coroas funerárias e arranjos para centros de mesa.E viva a rua!
Fotos: Arquivo Municipal de Lisboa (clicar nelas para ampliar)

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