3 de fevereiro de 2007

as conversas são como as cerejas. a escrita também. e a memória ainda mais

escrevia eu há uns dias sobre o assis pacheco e a festa que os tipografos e linotipistas lhe fizeram, quando me veio à memória a imagem das enormes máquinas de linotipia.

antes da invenção do offset e muito antes ainda da descoberta da impressão computorizada, os jornais diários utilizavam fundamentalmente dois tipos de composição:
a composição manual:
era a continuação da velha tradição tipográfica, mas que pelo demorado tempo necessário para compor com 'tipos' individuais, apenas se utilizava para os títulos

e a linotipia.

as máquinas de linotipia era enormes 'máquinas de escrever' com um teclado duplo de 90 teclas.
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cada vez que se primia uma tecla, descia de um enorme 'depósito' situado no cimo da máquina o 'tipo' em negativo correspondente à letra que se queria escrever (fosse maiúscula, minúscula, com acento, virgula, espaço... cada 'espaço' ocupado tinha um 'tipo' próprio.

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desciam para uma espécie de calha horizontal que, de cada vez que completava a largura da coluna do jornal, descia até à zona onde iria servir de molde para compor a 'linha'.
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vertia então a pequena caldeira situada à esquerda da máquina o chumbo que enchia esse 'molde' que rapidamente arrefecia e colocava a linha na sua ordem na coluna de texto.

assim que estava a notícia ou o texto completo, passava ao prelo onde se imprimia o 'linguado' para levar à censura para aprovação.

de facto a memória é feita de ligações e 'agulhas' como os grandes entrocamentos ferroviários.
a propósito do assis pachedo, hoje vi-me novamente dentro duma grande tipografia de um jornal (e tive a sorte de conhecer várias. diário de lisboa, diário popular, república... até o tristemente célebre diário da manhã.. e algumas tipografias de referência no bairro alto).
agora, ao escrever isto, veio-me à cabeça heidelberg e as famosas máquinas de impressão que se confundiam com o nome da deslumbrantemente linda cidade alemã.
ficará, talvez, para a próxima que isto uma coisa leva à outra e tal e antes disso ainda devo falar da estereotipia (não é nada disso que estão a pensar... é o passo seguinte a este processo e necessário para chegar às rotativas de impressão)

a memória é uma coisa excelente...

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