12 de janeiro de 2007

os bonecos da bola

na casa dos caracóis, na esquina da antónio enes com a rua dos combatentes;
ou na tasca do começo das escadas que sobem até à cova funda, ali onde a elias garcia se cruza com a d.maria e a rua das bruxas;
ou na tasca do bairro chinelo, no palácio.

conforme a disponibilidade dos tostões da generosidade da minha mãe ou de alguma cliente da mercearia do sr.xico pelo cesto de compras entregue no 3º andar, podia pedir 2 tostões de bonecos da bola.
raramente mais.
depois, com as trocas avaliadas a dois da troca por um da colecção (e tinham que ser todos da coleção para aumentar o pecúlio) e a habilidade da 'palmadinha' (sempre foi uma sorte ter as mãos grandes para fazer a 'concha' ideal) a conta ia aumentando para se poderem colar com cola feita de farinha e água na caderneta que chegava com aqueles mágicos finíssimos papeis amarelos que indicavam o brinde que vinha junto ao rebuçado.

sempre invejei os meus amigos que podiam dar-se ao luxo de se juntarem para 'rebentar a caixa' e ganhar o mítico 'boneco da bola' que na nossa imaginação estava sempre colado ao fundo da lata.
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esta semana, ao lembrar-me do carcavelinhos (não sou assim tão velho para ser seu contemporâneo), lembrei-me dos tempos gloriosos dos bonecos da bola colados na caderneta que se guardava religiosamente.















(cliquem para ampliar)

ainda hoje associo alguns nomes a alguns clubes.
o ramin do feirense, o monteiro da costa ou o hernâni do porto, o germano, do atlético, o costa pereira ou o cruz do benfica (muito teria o petit a aprender a dar na canela do adversário perante este mestre da sarrafada), o geo, o mascarenhas, o perides, o osvaldo silva, o carvalho, o mendes ou o alexandre baptista do sporting.

antes de existirem 'cromos', existiam os 'bonecos da bola'.
afinal nenhum dos epítetos é hoje sinal de grande apreço.


3 comentários:

  1. Isto faz-me vir à memoria toda a minha infância.
    Momentos inesqueciveis. A emoção da descuberta, quando se ia à tasca do ti Jaquim, lá no bairro Padre Cruz, nos anos 60, a gastar os últimos tostões,
    o perfume do papel novo, recem imprimido que envolvia os rebuçados.
    A impaciência de ver se era um boneco para a colecção ou ainda melhor se era o numero da bola.
    A mitica bola, não de plastica, mas de verdadeiro couro cosida à mão, com o balão de borracha dentro e os laços para fechar como se fosse um sapato.
    Mas ainda existem para aí esse tipo de bolas? Gostaria de ter uma dessas.
    E o mitico jogo do par-ou-nune, aquilo era uma loucura.
    Belos tempos a infância!

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  2. Tive o previlegio de com tres tostoes ir á leitaria da esquina e ter comprado tres bonecos da bola,um deles era o Mário do Torrense que na altura (anos sessenta e pouco) era o chamado "MAIS CUSTOSO"neste caso não foi preciso rebentar com a lata.Calculem o alvoroço que se gerou no meu bairro(Graça Lisboa)Rapidamente com a ajuda dos amigos a colecção foi terminada e a bola foi-nos entregue e durante algum tempo, acho que fomos os miudos mais felizes do Mundo.

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  3. Desde já parabéns pela obra.
    Estes cromos do SLB e SCP, são de que ano?
    Boa continuação, Abraço

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