15 de novembro de 2006
o custo da electricidade e o custo da sua factura
recentemente todos fomos informados que a (nossa) factura da electricidade deveria aumentar em 2007 cerca de 15%.
de acordo com as informações do ministro, a culpa era dos anteriores governos do psd que, populisticamente, mantiveram os preços da electricidade doméstica artificialmente baixos e que, agora, com a liberalização do mercado eléctrico os preços teriam se corresponder aos valor do seu custo no mercado.
mais tarde veio aquele epísódio caricato da abencerragem travestida de secretário de estado informar que a culpa era dos consumidores porque andavam a pagar de menos.
a razão base era, no entanto, o facto de o custo da electricidade ser mais caro que o preço que pagamos por ela.
os portugueses, crentes em fátima e noutras alucinações solares, acreditaram.
eu não sei em que se baseiam estas almas os seus cálculos para o custo de produção e distribuição de electricidade.
nem me interessa saber, para ser honesto.
interessam-me apenas algumas contas de merceeiro de bairro.
a saber:
a edp, com os actuais custos de produção e distribuição e o actual preço de venda aos consumidores, obteve nos primeiros 9 meses deste ano um lucro de 649 700 000 euros.
um aumento de 83,8% relativamente ao mesmo período do ano passado.
igualmente, de acordo com a obrigatória informação da edp á bolsa de valores de lisboa, os custos operacionais de distribuição baixaram 4%;
o resultado operacional antes de amortizações (ebitda) subiu 25,% para os 1 676 000 000 euros;
o ebit (lucros antes dos impostos e juros) subiu 41,1% para 1 018 600 000 euros.
a valorização em bolsa do título da edp foi, nos últimos 12 meses de 50,85%
eu não sei em que se baseiam estas iluminárias para determinar que a electricidade deveria aumentar 15% (ou mesmo os 6% que afinal aumentaram).
o que eu sei é que não há nenhuma razão económica que o sustente.
uma empresa com estes resultados e que argumente que deve aumentar os preços do bem que comercializa devia ser presa.
não podendo prender a empresa, talvez se podesse fazer alguma coisa aos governantes que em nome dela falaram.
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