23 de outubro de 2006

O rabo do gato

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adiante voltou atràs e disse à peixeira:- "Dá cá a navalha, senão furto-te uma sardinha". Como a peixeira não lhe desse a navalha, furtou-lhe uma sardinha.
Depois viu um moleiro a comer pão seco e disse-lhe"Toma lá esta sardinha". Mais tarde voltou atrás e disse ao moleiro" Dá cá a minha sardinha, senão furto-te uma taleiga de farinha". Como o moleiro já tivesse comido a sardinha, furtou-lhe a taleiga de farinha.
Foi o gato ter a um colégio de meninas cuja mestra aflita não sabia o que lhes havia de dar à merenda e disse-lhe" Toma lá esta taleiga de farinha; fazes papas". Mas depois arrependeu-se , voltou atrás e disse à mestra:" Dá cá a minha taleiga de farinha, senão furto-te uma menina".
Saíu com a menina e, procurando uma lavadeira, disse-lhe: " Tu estás a lavar a roupa sozinha!toma lá esta menina para te ajudar". Deixou ficar a menina, mas depois voltou atrás a pedi-la à lavadeira, e, como esta lha não quisesse dar, furtou-lhe uma camisa.
Foi indo, indo, até que lá mais adiante viu um vileiro sem camisa e disse-lhe: " Coitado! estás sem camisa; toma lá, vai-te vestir". Enquanto ele foi vestir a camisa o gato furtou-lhe uma viola; depois subiu para cima duma árvore e começou a tocar viola e a cantar:
"Do meu rabo fiz navalha;
Da navalha fiz sardinha;
Da farinha fiz menina;
Da menina fiz camisa;
Da camisa fiz viola;
Frum, fum, fum, ...ai!
Vou deportado para Angola"

Gosto tanto destes contos infantis. Quase sinto uma voz a contá-las. Porque estas são histórias para serem contadas com tudo a que temos direito.
E estas melopeias que nos ficam, o reconhecer das métricas e sons...

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