4 de agosto de 2006

o que eu faço às 3:30h da manhã por gatos... sou um delinquente.

Bom, contarei a história ao de leve e focando-me basicamente nos acontecimentos principais - ou dos que agora me recorde, por essa ordem
Há vários meses que a minha mãe, metida como está no tráfico de influências dos direitos dos animais em Portugal, anda a levar comida a uma gata que vive no meio da rua, como tantas e tantos outros, e procurou frequentemente arranjar um lar de adopção temporário(cujo termo técnico e siglas não me vêm agora à mente), no mínimo, para que ela ficasse segura até se arranjar alguém decente com quem ficar.
Ora... Nisto e nestes meses, engravidou ela duas vezes. Da 'primeira' ninhada talvez dois tenham sucumbido, os outros tendo-se feito à vida, ao que parece.
Acontece que a jovem gata parece ter um certo gosto por copular, daí que estando ainda a amamentar decidiu engravidar novamente. Há uma semana viram a luz do dia, como quem diz.
A felina tem como esconderijo uma casa utilizada para armazenamento de coisas esquisitas, e entrava lá dentro e saía por um pequeno buraco, que alguém teve a ideia de tapar ontem com cimento, como há tempos era passível de acontecer.
Anteontem, estava ela por ali às voltas, em pânico, a querer entrar na casa sem poder.
Nessa mesma noite, perto ou ao longo do amanhecer, alguém já referido tentou abrir o cimento, para que a gata pudesse entrar na casa, e alimentar as suas crias. Não se viram ainda as ditas, mas as coisas apontam no sentido de se encontrarem lá dentro. Não sei a natureza do cimento ao certo; sei que ontem vi a gata a miar mas desconcertada, sem saber bem o que queria fazer.
Antes da visão da gata inchada, a querer desinchar, lá fui eu a caminho dela, e da famosa porta. Munido de uma pedra da calçada quase maior que a minha mão, que encontrei a início da travessia local e enquanto imaginava a minha figura com um pedregulho enorme entre os meus dedos - imagem de serial killer desesperado, e digo mesmo desesperado porque não tomava banho há dois dias e tinha o cabelo despenteado e volto a dizer, uma pedra na mão - , avancei pelas ruas e travessas escuras e mal iluminadas de Lisboa, com a minha mãe ao lado, e calças que se iriam sujar mais do que estariam antes do destino.
Cheguei. Carro vermelho ao chegar ao climax da missão, ao momento do tudo ou nada, da ilegalidade em acção. Não é que não tenha bons contactos, e provavelmente ninguém me acusará de nada por várias pessoas estarem a par e capacitadas técnica e legalmente de rebentar com a porta, mas enfim. Não quero começar agora o meu cadastro. Se bem que ainda devo ter algo da minha peripécia de cinco aninhos de idade, mas isso é outra conversa.
Carro vermelho, estava eu a dizer. Casal. Não faço ideia se namorados ou algures um prostituto, e recordo-me agora que era a mulher que se encontrava ao volante. Passei por eles sem deitar o mais furtivo olhar, o mesmo não se poderá dizer da minha mãe, obviamente. Rica subtileza...
Um pouco mais à frente, decidimos voltar para trás. Não olhei. O carro mais tarde, perturbado na sua intimidade, acabou por fugir.
E eu vi finalmente a porta.
Usei apenas um martelo para empurrar uma das duas partes que constituíam a porta, tipo alavanca. Por volta da sexta ou sétima investida, com intervalos pelo meio, encontrei o ângulo de que precisava, colocou-se a pedra a manter e pronto, operação concluída.
Não faço ideia se a gata terá acabado por entrar... fiz tudo o que pude para que assim fosse e os filhotes não morressem antes que a equipa de salvamento lá chegue. Continuo sem saber.
Ao me afastar de lá admirava ansiosamente a porta já forçada o suficiente para entrar por ali adentro, e agora de manhã as pessoas que lá foram não a viram.
Resta agora esperar pelo desenvolvimento da situação e das questões legais entrarem em acção.

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