11 de agosto de 2006

Crises literatas

Ao começar a ler a tradução do Child da Sylvia Plath deu-me um ataque de vontade fazer o mesmo. Confesso que o que me desencadeou a vontade foi ver "tecto" com grafismo brasileiro - "teto". Nada contra as diferenças ortográficas, que apenas contribuem para tornar as nossas discussões linguísticas mais bonitas, mas foi de impulso. Assim, nem li o poema a direito para tentar não ser influenciado e traduzi-o mais ou menos de rompante. Original e tradução minha já a seguir. Só depois vou comparar as traduções; seja o que as musas quiserem. Desculpem ter-me dado para aqui.

Child

Your clear eye is the one absolutely beautiful thing.
I want to fill it with color and ducks,
The zoo of the new
Whose name you meditate--
April snowdrop, Indian pipe,
Little

Stalk without wrinkle,
Pool in which images
Should be grand and classical

Not this troublous
Wringing of hands, this dark
Ceiling without a star.


Criança

O teu olhar límpido é a beleza absoluta.
Quero enchê-lo de cor e patos,
O jardim zoológico do que é novo
Cujo nome consideras –
Campainha de Abril, cachimbo de índio,
Pequeno

Caule sem ruga,
Lagoa em que as imagens
Seriam grandiosas e clássicas

Não este perturbador
Retorcer de mãos, este escuro
Tecto sem uma estrela.

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