ISTO NÃO É UM BOATO. Isto é verdade hoje.
Caríssima amiga,
Acabo de receber este e-mail do Sebastião Geraldes Barba (sgbarba@gmail.com), que está em Timor (..)
Como sabem, a situação em Timor não é das melhores, de momento… Há já cerca de um mês que grupos de civis armados têm estado a queimar casas, matar pessoas e saquear tudo o que seja possível, pertença do Governo ou privada. Não interessa quem é, o que é ou o que fazer com as coisas – interessa, sim, espalhar o terror, o medo, o pânico. Por isso, as pessoas têm fugido para campos de refugiados dentro da cidade ou nos arredores. Alguns foram tentar abrigar-se nas casas de familiares, nas montanhas fora de Díli, com a dificuldade de não haver nem espaço, nem comida para eles.
A situação destes refugiados é muito complicada: 1º- o medo em que vivem, muito fruto dos medos ressuscitados agora, de feridas reabertas, de sofrimentos mal sarados; 2º- a fome, frio, más condições de higiene, falta de privacidade… etc! A verdade é que o Governo, juntamente com a ONU e ONGs nacionais e internacionais, tem tentado distribuir comida pelos campos (essencialmente arroz), mas o stock está a chegar ao fim e há poucas possibilidades de conseguir repô-lo a tempo. Estamos preocupados!
Muitas destas famílias endividaram-se para poderem alugar "anggunas" (camiões) para fugir e, agora, não têm com que comprar géneros para sobreviver. Mesmo já havendo mercados e lojas abertas, como há pouca gente a trabalhar, há pouca gente a receber, logo, não há poder de compra. Isto leva a problemas gravíssimos que dificilmente terão solução a curto prazo.
De momento, nós (Sebastião e Filipa) estamos a trabalhar juntamente com a HOPE (uma ONG local dedicada às crianças) e a UNHCR (United Nations High Comission for Refugees). Hoje, disseram-nos desta última que já não nos podiam ajudar mais, pois têm escassez de produtos! Vamos tentar a UNICEF, o Ministério do trabalho, a OXFAM (higiene) e o WFP (World Food Program) a partir de amanhã. De qualquer modo, pensamos que a ajuda dispensada ficará sempre aquém das verdadeiras necessidades! Parece que, por aqui, todos se preocupam muito em ter reuniões e almoços de negócios em sítios com ar condicionado e esquecem-se facilmente que há gente à chuva, a viver em condições degradantes e a morrer de doenças e fome! É incrível o pouco que se faz e o tanto que se parece fazer… É muito triste e deixa-nos muito desiludidos.
Até agora, fomos conseguindo arranjar algum dinheiro… Uma amiga nossa levantou 10.000 Dólares da sua própria conta e ontem já só tinha 800! Contudo, continua a não ser suficiente!! E nós só estamos a ajudar num campo de refugiados, em Metinaro, com cerca de 3000 pessoas e o orfanato desta nossa amiga, em Gleno, que tem cerca de 30 crianças e alguns adultos, mas que alimentam vários refugiados das redondezas.
Não tem sido fácil lidar com tantos sentimentos, especialmente com a impotência!
Por isso este e-mail! Gostaríamos de pedir a vossa ajuda e contribuição.
1Euro, 2, 3, 5, 10, 20, 50… o que puderem! De modo a que nós possamos
comprar alimentos (leite em pó, água potável, vegetais, massas, óleo de
cozinha e arroz – muito arroz!) e levar a estes dois locais, de modo a poder
chegar mais longe, a mais gente. Se pudermos ajudar pelo menos uma família,
já estamos a ajudar muito!
Não sabemos se em Portugal há alguma organização a recolher alimentos e outros bens primários para enviar para Timor. Caso saibam de alguma coisa, podem também sempre contribuir com géneros. Porém, estes bens, enviados agora por barco, demorariam 3 meses a chegar cá e a situação é urgente! Por isso pedirmos dinheiro por ser mais imediato.
A mãe da Filipa forneceu o número de conta dela, de modo a que possam depositar directamente, sem ter que estar com contactos e mais contactos.
Então, aqui vai:
Aqui vai o NIB certo! 0036 0036 99100342868 55
– Maria Luísa Vasconcelos Abreu Oliveira Martins. Depois ela deposita numa conta aqui de Timor, nós levantamos e fazemos o resto.
Desde já,
MUITO OBRIGADO por tudo! Pela ajuda, apoio, oração! Obrigada por nos ajudarem na nossa missão aqui!
Se quiserem passar a palavra a amigos, óptimo! Quantos mais souberem, melhor!
Um abraço muito amigo, saudoso,
Filipa e Sebastião
Ola
ResponderEliminarConheço o orfanato de Gleno, pois no Natal 2001, ajudei a distribuir "presentes" a todas as crianças, sendo que a tropa portuguesa no local nessa altura ofereceu o lanche. O nosso prensente não era mais senao um lapis, uma regua e uma caderno, mas qual alegria a destas crianças ao receberem essa prenda! O sorriso delas é coisa que eu nunca esquecerei...
Vocês estao em Metinaro ou em Gleno?
Se estiverem em Gleno, sera que conhecem a D. Ana? Em 2001/2002 ela morava numa casota junto à "avenida principal", logo depois da ponte. Ela é casada e tinha na altura 4 filhos. Ela é cozinheira e o marido electricista. Se a encontrarem, por favor deem-me noticas dela e dos filhos. Espero que ela esteja bem, todos os dias me lembro dela, sobretudo desde os ultimos acontecimentos. Se a encontrarem digam-lhe que é a professora e amiga dela, a Fernanda, que lhe manda um abraço longo, que da a volta ao mundo e que um dia espero reencontra-la.
Obrigada a vocês que estao ai a ajudarem como podem.
Fernanda