1 de maio de 2006

Eu gosto muito de ir à feira do 1º de Maio

Eram onze da manhã e já estava pronta a atacar, qual terrorista de mochila, a feira de hoje. Liguei a B, combinámos local de encontro. Entretanto o grupo cresceu, assim como a quantidade de sacos de plástico. Sobretudo os meus. Gastei trinta e seis euros e vim carregada de roupa e coisas excepcionais.
Depois a fome das sardinhas. Às duas encontrámos uma esplanada ranhosa em que víamos passar os camaradas para o comício e amavelmente cumprimentávamos. Desejaram-me que nunca deixasse a minha mulher viúva, coisa que achei raro. Carradas de camionetas cheias de camaradas. Já o Salazar o Fazia. Continua in fazê-lo para qualquer força política.
De regresso ruas todas cortadas. Já à ida tinha sido o mesmo por uns míseros corredores que aniquilados escorriam suor e nem caminhavam. Pareciam caracóis. Seria uma maratona?
Desta vez o corte era por causa da manife, que era precedida, ó valha-me Deus, por um rancho folclórico de crianças com tamanquinhas e a suarem como deviam. Estava um calor do caraças.
Depois os anciãos todos: parecia uma excursão de terceira idade mas ainda animadinhos ( os que conseguiam). O figurino? O mesmo de sempre em pior, cada vez pior. Ouvi no local do comício entre o Barata Moura a cantar o Vamos brincar à Caridadezinha, a música pimba e do mal o menos sai com o Itapuâ do Caê.
Vi uma feira do livro no recinto, que vendia a obra de Maz du Veuzit: tive a ligeira tentação de comprar o John o Chauffeur Russo. Seria o culminar kitch do dia.

Tentei perceber a ligação lógica entre a feira, o dia do trabalhador, o Max de Veuzit, os cravos, as farturas, as sardinhas. os dvd piratas . Não deve existir mais nenhum país que comemore assim este dia.
Uma cigana cantava sozinha uma história em que falava que era muito pobrezinha e larilala...Talvez seja ela o verdadeiro símbolo do que é agora esta comemoração: uma excelente feira da parte da manhã. De fugir a correr quando chegam os políticos.
E foi isto.

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