16 de maio de 2006

Era uma vez

Era uma vez um moço pequeno. Era muito envergonhado, especialmente com as meninas. As suas primeiras paixões foram a Paula Cristina Fernandes Glória e a Maria do Rosário Parracho Correia de quem nunca mais ouviu falar depois que, aos nove anos, deixou a 4.ª classe do Extrenato Olias.
Esta parte nada tem a ver com o TPC... mas um anterior post sobre mamas trouxe-me à lembrança estas duas meninas.
Voltanto ao moço pequeno... A sua mãe mandava-o às comprar a uma pequena lojeca a que chamavam "lugar" e que, do lado de lá do balcão, tinha uma senhora gordita que se chamava Piedade. Ela e o marido eram donos de um dos veículos que o moço pequeno achava giros na altura: o pão-de-forma. Quando a D. Piedade precisava ir buscar alguma coisa atrás de uma porta, logo o moço pequeno olhava em redor procurando algo pequenino que coubesse no pequenino bolso. Invariavelmente, coisas de pouca dimensão e valor iam para dentro do dito bolso. Mas o reduzido tamanho era compensado pelo enormemente delicioso sabor das cerejas, nésperas ou mesmo nozes.
Já com uns doze ou treze anos, teve colegas que iam à hora do almoço ao Jumbo de Cascais para tentar a expropriação de alguns artigos. O moço pequeno nunca foi com eles porque ia sempre almoçar a casa. Algumas vezes, pelo caminho, parava na sede do Grupo Desportivo Estoril-Praia para uma jogatana de matraquilhos com o seu irmão mais velho e o seu amigo Pinho que jogava sozinho contra os manos mas ganhava sempre. Numa delas, o pai, estranhando a demora em chegar a casa para o almoço, surpreendeu-o com dois estaladões e uma promessa: "logo à noite falamos".
Anos mais tarde, andou o moço pequeno por esse mundo fora, integrado em navios da marinha de guerra portuguesa. E, em Hamburgo, na Alemanha, pode, finalmente, experimentar a sensação de posse indevida de artigos de consumo de razoável dimensão: cassetes virgens. Seis cassetes inteiramente virgens. Absolutamente virgens...
Viu criativos colegas "encontrarem perdidos" em seus casacos: rolos de fotografias, CD's, LP's em vinil (sim, LP's em vinil e não era só um...), etc... Viu um colega ser interceptado por ter decidido "trazer emprestado" um chocolate e ter de pagar dois sem trazer nenhum para evitar um "incidente diplomático".
Viu um colega "vestir" uma gabardina e chegar ao navio e... encontrar nos bolsos uma chave de automóvel e ter concluído que a gabardina não era nova (não tinha quaisquer etiquetas) mas sim de alguém que a tinha colocado de lado para experimentar qualquer outra coisa. Educado, no dia seguinte, voltou ao Centro Comercial para dizer que, no dia anterior, havia comprado uma gabardina mas que num dos bolsos estava uma chave.
O moço pequeno, uma vez, estava a ver uns brincos, num expositor, para oferecer à esposa. Subitamente, os brincos, que se encontravam presos ao expositor, soltaram-se... em três milésimas de segundo cairam para dentro do bolso das calças. Em três quilómetros de caminho até ao navio olhou sete mil vezes para trás suspeitando que toda a população de Kiel o perseguia para o espancar, obrigando-o à voluntária devolução das argolas de prata. Nada aconteceu... a não ser o sorriso agradecido da esposa...
O moço pequeno especializou-se em copos e canecas de cerveja. O "modus operandis" era sempre o mesmo... No Inverno, grandes casacões: cerveja bebida caneca escondida. No Verão, "simular" bebedeira e sair do bar com o copo cheio de cerveja. Em caso de reparo, fazer-se de idiota pedindo desculpa em "bebedês".
Hoje, o moço pequeno tira coisas da net... coisas dele, entendem? Assim tipo... músicas... assim tipo... programas. Já houve alturas em que também tirou da net fotos de mamas... Agora já não precisa... Ainda bem... menos uma irregularidade na vida do moço pequeno.

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