21 de fevereiro de 2006

glemgoyne, as águas de dumgoyne hill e a epal

falava-me aqui há uns tempos o nosso abs a propósito da função da água para 'abrir' (julgo que foi essa a expressão utilizada) o sabor do single malt.
falava com aquele ar de pós-graduação em destilados e doutoramento em single malt que efectivamente tem (garanto-vos que é excelente ouvi-lo falar de destilados).
nessa conversa eu confessei o meu apreço pela água... e o meu menos apreço e completo desconhecimento pelos destilados.
o abs, com aquele ar generoso que o caracteriza, lá me ia dizendo que eu ainda havia de crescer para aprender a saborear a coisa. que não era um caso perdido.

no almoço do seu aniversário, a semana passada, perante uma caixa de glengoyne 17 anos, desfilou uma série de informações sobre a singularidade deste malte
a utilização de uma qualidade especial de cevada (a golden promisse, que só é usada também pelo macallan) e a forma única de fermentação da dita.
dizia que é embebida na água das montanhas de dumgoyne hill, espalhada no soalho da destilaria e revolvido com regularidade.
e que outra grande diferença é que, ao contrário dos outros single malt que utilizam o fumo para secar o malte (o que lhe dá um certo sabor smoky), o glengoyne utiliza ar morno para secar a cevada, o que lhe dá um sabor muito mais suave e único.

enquanto o abs destilava saber sobre os single malt, eu pensava na última conversa sobre a importância da água e no facto de algumas pessoas pedirem gelo para adicionar ao whisky.

durante muitos anos, para todos nós, a água dividia-se em 2 tipos: gaseificada ou lisa e em duas variedades: fresca e natural.
independentemente das características de cada uma delas. seja mineral, de nascente ou para consumo humano.
desprezando os níveis de salinidade ou de mineralização e o sabor resultante disso.
quantas vezes pedimos uma água de luso (ph neutro) e nos entregam uma monchique (ph elevadíssimo)?
ou quando pedimos vidago e nos sai pedras.. que 'é a mesma coisa' (a mesma coisa é a tiazinha deles....)

nessa conversa com o abs, estranhávamos que muita gente se preocupasse com o destilado e pouca se preocupasse com a qualidade da água.
como é possível beber um whisky no algarve com duas pedras de gelo feitos de água com tanto calcário que se a mantivermos muito tempo no copo deixa resíduo e níveis de salinidade brutais?
como é possível beber um single malt que nos custou os olhos da cara com gelo feito de água cheia de desinfectantes e achar que isso não interfere no sabor?

voltarei ao tema das águas.
mas tentando complementar o saber do nosso douto abs, aqui vai um conselho simples:
não se limitem a adicionar água ou gelo aos destilados.
verifiquem as características da água.
utilzem água de sabores neutros: ph à volta do 5 (muito baixo é ácida, muito alto é salobra) e baixa mineralização.
as diferentes águas têm todas utilizações específicas e são boas para o que são boas.

para os malts... as boas são as que 'não têm sabor'

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