a especulação financeira, os investimentos, a transparências das empresas e o valor dos gestores

esta semana a bolsa de tóquio teve um choque.
a empresa livedoor, que opera na área das novas tecnologias, nomeadamente como servidor de acessos à rede internet, escondeu dos seus accionistas, da bolsa, e do mercado em geral um prejuízo de muitos milhões de yenes para não prejudicar a sua performance bolsista.

esta prática de mistificação dos resultados operacionais para evitar desvalorizações bolsistas (e consequente desvalorização do valor de mercado da própria empresa) tem sido uma prática mais corrente do que seria razoável nos últimos tempos.
mesmo na bolsa portuguesa (com exemplos que peço escusa de nomear) o caso está a léguas de ser virgem.
a bolsa tem servido a muitas empresas para injectarem capital e valorizarem-se aos olhos dos investidores (ou 'jogadores', como alguns, infelizmente, se auto-nomeiam), sendo por isso determinante mostrar, nos relatórios a que são periodicamente obrigados a enviar, o melhor dos mundos nos resultados operacionais.
nestes relatórios, bastas vezes, observamos coisas que parecem saídas dum filme de ficção científica, ou da alice no país das maravilhas, tal o clima de oasis demonstrado.
não só as empresas se valorizam mais do que merecem, como os seus gestores são apresentados como exemplos de grande empreendedorismo e genialidade empresarial nas revistas da especialidade.
a livedoor era um 'case study' até à semana passada.
esta semana deveria continuar a ser.... por outras razões.

os analistas económicos são o maior repositório de lugares comuns que existem (talvez a par dos críticos musicais).
em nenhuma outra área do jornalismo (ou das ciências) o copy&paste funcione tanto (com excepção dos críticos musicais)

costumo dizer que se eles realmente percebessem de economia, estariam nas empresas a ganhar dinheiro e não como jornalistas a ganhar o salário de jornalista.
a verdade é que se o panorama dos jornalistas não é muito brilhante, a baçalidade aumenta quanto percorremos as páginas da economia.

por fazerem apenas copy&paste dos relatórios e perderem o tempo a ver se a soma dos números de um lado corresponde à soma de outros números noutro lado e não analisarem realmente a natureza, a razoabilidade, a fundamentação e a credibilidade dos números parcelares, é que acontecem coisas destas.
as empresas conseguem esconder nos seus relatórios milhões de euros, ou dólares ou yenes de prejuízo sem que os analistas económicos notem.

apenas a polícia.