23 de novembro de 2005

assim a modos como que a pensar em voz alta

a congregação do vaticano para a educação católica elaborou um documento intitulado ‘instrução acerca do critério para o discernimento de vocações concernente às pessoas com tendências homosexuais em vista da sua admissão para o seminário e ordens sagradas’.

Este documento, para além de uma série de teorias verdadeiramente peregrinas, faz a distinção entre os que ‘têm tendências homossexuais profundamente enraizadas’ e aqueles que têm a ‘expressão de um problema transitório’. obviamente os que têm as tais tendências profundamente enraizadas estão condenados ao inferno (isto é, à exclusão total) e os que têm apenas a expressão de um problema transitório vão para uma espécie de limbo (purgatório, na linguagem católica, ou pena suspensa no direito civil) durante três anos (imagino que depois da última ‘actividade’ e/ou pensamento homosexual).
diz o documento que, se o candidato a diácono tiver as tais tendências enraizadas, o seu confessor o deve dissuadir em consciência à sua ordenação espiritual.

sejamos claros:
su acho que a igreja tem todo o direito a definir as regras para todos os que queiram ser seus membros.
acha que as mulheres não servem para padres, estão no seu direito.
acha que os homens não devem casar, estão no seu direito
acha que não devem ser homosexuais ou sequer simpatizar com eles, estão no seu direito.
quem não concordar que não seja.
os partidos políticos não mudam de política para que uma qualquer pessoa possa entrar: quem quer entrar é porque concorda.



a minha questão é mais de dúvidas teóricas.
de coerência ideológica e de princípios.
mas visto de fora.
uma espécie de pensar em voz alta.
de quem não tem nada a ver com o assunto.

mas partilho aqui as minhas dúvidas:

se a igreja acha que os seus diáconos e padres não se devem casar,
se acha, em termos genéricos, que o sexo só deve existir no casamento.


porque é que colocam a questão da prática homosexual e não do sexo como um todo?

não é suposto os padres não terem sexo de todo?
ou a ‘proibição do sexo extra-matrimonial só se aplica aos não ordenados e/ou candidatos a isso?

se a igreja considera a confissão e o arrependimento como expiação do pecado e a sua libertação do fardo do mesmo, porque razão o pecado da homosexualidade precisa de 3 anos de condenação ao purgatório da expiação das penas?
e.. como é que o confessor ou director espiritual do candidato a diácono dissuade um noviço das suas tendências homosexuais?

diz-lhe que gajas é que é bom?
diz que sexo nem pensar?
o problema é ser com homens ou é ser sexo?
ou é com ambos (um por ser com homens, o outro por ser extra-matrimonial)?
e a mão esquerda?
é homosexualidade?
é sexo extra-matrimonial?

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