28 de outubro de 2005

ESPALHE ESTA IDEIA (1): CRIANÇAS NA INTERNET

Pois, sabem, em vez das habituais tangas, apetece-me agora escrever aqui algumas coisas mais sérias.
Resulta esta crónica de uma história arrepiante que aconteceu comigo. Não me contaram, não é de ouvir dizer, não é disse que disse.
Vi com estes dois que a terra há-de comer, como diz o povo (e já agora, A TERRA QUE ESPERE!).
Vou já começar pela "moral" da história. Que são logo duas.
1ª Os pais têm que saber bem o que é a Internet.
2ª Os filhos têm que saber bem o que é a Internet.

Apanhei um susto valente quando venho a saber que um(a) jovem que conheço tinha posto na Internet fotos, nome e sei lá o que mais.
O site em questão era:

http://www.hi5.com

Por acaso, já conhecia o site em questão, que, para adultos, é bastante usado para engates.
Pelos vistos, também é muito usado por crianças e adolescentes.
Felizmente, o "caso" acabou em bem. Foram tomadas as precauções possíveis.
Só que isto não é assim tão simples... Entretanto aquela informação já circulou.
Esse site está pensado para facilitar ao máximo a criação de novos conhecimentos. Se se trata de adultos, não haverá grande problema, desde que as pessoas pensem um pouco antes de despejarem informação íntima ali, onde toda a gente a pode ver.
E se são crianças??
Pois é.
Não venho agora dizer a treta do costume: "A Internet é o Diabo! Vade retro!".
A Internet é como tudo: pode ser bem e má usada.
Mais. É praticamente impossível, hoje em dia, evitar que as crianças e adolescentes a usem.
Mas então, além de termos crises de profunda depressão, o que é que podemos fazer?
Sei o que eu já comecei a fazer, e sugiro que espalhem esta ideia.
Podemos ir às escolas que conhecemos sugerir que:
1) Se faça uma sessão de informação para pais.
2) Se faça uma sessão de informação para filhos.
Não são sessões de moralização, nem de meter medo aos miúdos. Somente uma breve conversa, de preferência informal, mas sem deixar de ser séria, com as precauções a tomar quando se vai à Internet.
Note-se que, no caso acima referido, não se tratava de "pais ausentes". Muito pelo contrário! E no entanto... aconteceu.

Já agora, como material pedagógico auxiliar, sugiro um episódio daquela série sobre o departamento de pessoas desaparecidas do FBI, cujo nome agora não recordo, que passava na RTP2. Mesmo sem passar o episódio todo, pode fazer-se uma montagem com os aspectos mais relevantes. A história falava dum jovem (12 anos, aproximadamente) que quase caíu nas garras dum pedófilo, porque descobriu que os pais com quem vivia eram pais adoptivos e pôs-se à procura dos pais biológicos na Internet. É uma história suficientemente verosímil e simples de perceber.
Outra sugestão. Não convidem para fazer isto alguém que não conhece o site em questão, ou outro similar. Os miúdos topam à légua quem está a falar por mero conhecimento teórico!

Os jovens não fazem ideia dos perigos que correm.
Neste caso concreto, um perfil (ou seja, a foto, nome, etc dum jovem), em 24 horas, tinha sido visitado 700 vezes. Sim, setecentas! E isto as que a gente sabe, note-se (pode ter havido ainda mais, sem o sabermos).
Ao percorrer a lista destes contactos, vi, por exemplo:
- Uns americanos quaisquer, que pela foto pareciam da minha idade, ou seja, 42 anos. Ora pensem: o que é que um quarentão do Illinois, ou do Corolado, ou do raio-que-o-parta, pode querer de um adolescente português?
- O site estava pejado de crianças e adolescentes, que, sendo jovens, fazem a "gracinha" de porem lá umas lindas fotos delas mesmas em biquini.

O hi5 é apenas um de muitos sites que possibilitam tal partilha de informação. Já esteve muito em voga (não sei se ainda é assim) a criação de blogs "familiares", em que o autor ou autora vai escrevendo um diário íntimo do seu dia-a-dia, com fotos e tudo.
As pessoas esquecem-se que tudo o que é posto na Internet pode, em geral, vir a ser descoberto por qualquer pessoa. O google faz maravilhas, meus amigos. Pois faz. O tempo em que era preciso "registar" o nosso site para ele ser encontrado já passou há muito...
Quem não acreditar nisto, faça a seguinte experiência.
a) Crie um blog (por exemplo, aqui mesmo no Blogger, que até é bastante fácil), com um título sugestivo e o mais original possível.
b) Imediatamente a seguir a isso (que se faz rapidamente, basta até pôr lá um post o mais singelo possível; e se calhar até basta mesmo o título), vá ao google

http://www.google.com

e faça a busca a partir desse título.
Posso garantir-vos que encontram o recém-criado blog, desde que tenha um qualquer elemento suficientemente original (título, frase citada, etc). Isto mesmo antes de darem o endereço aos vossos amigos e conhecidos.

Se já leu isto tudo e ainda não pegou no telefone para falar para a escola mais próxima (e para contar isto tudo aos seus amigos todos), só pergunto:

DE QUE ESTÁ À ESPERA??

P.S. Acha que tenho razão? Que sou completamente paranóico? Que sou o enviado de Satanás à Terra ou, no mínimo, o concessionário do Inferno na zona da Boavista (Porto)? Apetece-lhe simplesmente insultar-me por lhe fazer perder tempo a ler esta coisa toda? Vá. Desforre-se. Deixe aqui um comentário. Ou mande um e-mail para

boavisteiro@portugalmail.pt

N.B. Não devolvemos o preço do selo, ok?

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